As grandes empresas do setor de construção, que contam com pelo menos 250 empregados, perderam espaço para as organizações de menor porte na indústria da construção do país, num intervalo de dez anos. Em 1996, elas eram responsáveis por 71,1% do valor das obras executadas, passando a responder por 64% em 2006.
As informações constam da Pesquisa Anual da Indústria da Construção (Paic), divulgada hoje (18) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O coordenador de Indústria do IBGE, Silvio Sales, explica que esse movimento pode estar relacionado ao processo de terceirização do setor, em que as firmas se especializam em determinadas fases das obras.
“Com isso, você diminui o tamanho médio da empresa e ela se especializa em uma fase da cadeia de produção de um prédio, por exemplo, como acabamento. Por isso, as pequenas vêm ganhando espaço nesse período de dez anos.”
Outro fator apontado pela pesquisa que pode estar relacionado a essa realidade é a queda do investimento público no setor entre 1996 e 2006. Essa demanda, que é atendida principalmente pelas grandes empresas, caiu de 76% para 68,3% nesse período.
Sales destacou, no entanto, que, quando se observam os últimos anos, é possível perceber uma certa reação das grandes empresas que retomaram parte de sua importância. Isso ocorre, segundo ele, principalmente no setor de obras de infra-estrutura, que deve apresentar resultados ainda mais expressivos no próximo levantamento, quando devem ser mais bem captados os efeitos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
Entre 1996 e 2006, as grandes companhias passaram de 21,7% do total das empresas para 16,5%. Elas responderam, em 2006, por 59,9% do pessoal ocupado, e pagaram 67,5% dos salários do setor. Dez anos antes, as grandes empresas ocupavam 65% dos empregados da construção civil e pagavam 70,7% do total de remunerações.