A greve deflagrada por produtores rurais argentinos contra impostos sobre exportações cumpriu nesta segunda-feira seu 12º dia, sem indícios de uma saída negociada, e já afeta o abastecimento no Brasil.
"O governo decidiu não dialogar sob pressão, como ocorre neste momento", disse o ministro da Justiça, Aníbal Fernández, na véspera de uma reunião das organizações que lideram o protesto.
A greve tem provocado crescente tensão entre os agricultores, que fecham várias estradas, e os caminhoneiros, que já anunciaram que não aceitarão os bloqueios.
O movimento, que impede a chegada de produtos agrícolas argentinos ao Brasil, já ameaça o abastecimento no lado brasileiro.
Nesta segunda-feira, vários governadores defenderam a abertura de um canal de diálogo para superar o conflito.
Juan Schiaretti, governador da província de Córdoba (centro), palco dos principais protestos junto a Buenos Aires, Santa Fe, Entre Ríos e Tucumán, conclamou a um "diálogo sem condições" prévias para superar o conflito.
Nesta terça-feira, quatro organizações de produtores agropecuários que lideram o movimento definirão os próximos passos, fortalecidas pela alta adesão ao protesto, e a greve pode se alastrar para Mendoza e Corrientes.
A greve foi deflagrada após o governo anunciar, há duas semanas, um aumento de 35% a 44% no imposto sobre as exportações de soja.
A tática dos grevistas é bloquear o tráfego em diversas estradas do país, onde os caminhões com produtos agrícolas são retidos, mas os que não transportam tais produtos são liberados.
No domingo, a tensão cresceu quando grupos de caminhoneiros se mobilizaram para liberar a estrada na região de Ceibas (200 km ao norte de Buenos Aires), no entrocamento de rotas para o Mercosul.
Segundo Pablo Moyano, chefe do sindicato dos caminhoneiros e filho do líder da Confederação Geral do Trabalho (CGT), Hugo Moyano, os caminhoneiros estão se mobilizando para "garantir" o trânsito livre.