A aprovação no Senado dos Estados Unidos ontem à noite do plano de ajuda às instituições financeiras americanas não conseguiu restaurar a confiança dos investidores. A percepção de que o pacote não vai livrar a economia dos EUA de uma recessão e a expectativa com o resultado da votação na Câmara, onde foi rejeitado na segunda-feira (dia 29), que pode ocorrer entre hoje e amanhã, mantém os investidores pessimistas.
Às 10h10 (de Brasília), o índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Ibovespa) recuava 1,94%, a 48.831 pontos, na pontuação mínima do dia até o momento. Nos EUA, os índices futuros de ações registram queda de mais 1%, tendo ampliado a perda após o aumento inesperado do número de pedidos de auxílio-desemprego feitos no país na última semana. Na Europa, as bolsas operam com sinal positivo, mas sem muito entusiasmo.
Embora o pacote evite o pior – uma crise sistêmica, com quebra em massa de bancos – isso ainda não vai evitar o enxugamento dos bancos, alertou o economista-chefe do Santander, Alexandre Schwartzman. "A gente vai passar por um período longo de muita dificuldade econômica. De fato, (o plano) só evitou o abismo, mas não evitou a recessão", afirmou.
O receio do mercado é de que esse pacote, que ainda precisa ser aprovada na Câmara, tenha vindo tarde demais. "confiança é a principal moeda para atrair os recursos necessários ao mercado e enquanto a confiança não for restaurada, a aversão ao risco vai continuar", afirmou um operador
Mesmo com a aprovação do pacote de socorro financeiro no Congresso, diretores do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) estudam fazer novos cortes na taxa básica de juro dos EUA, atualmente em 2% ao ano. Sábado, os líderes europeus devem se reunir para discutir uma saída "européia" para os efeitos da crise em seus próprios bancos.