O IFV-CA (Índice de Fluxo no Varejo – Count and Act) medido em junho deste ano aponta para um crescimento de 5,2%, ante o mesmo mês do ano anterior.
Quando se compara a taxa de expansão da série sem ajuste sazonal em relação ao mês de maio, entretanto, verifica-se uma queda de 7,8%, de acordo com a consultoria Gouvêa de Souza & MD, que realiza a pesquisa em parceria com a Virtual Gate.
Já o segundo trimestre deste ano obteve um crescimento de 7,8% contra o mesmo período do ano passado.
Análise do desempenho
Mesmo com o Banco Central elevando em 50 pontos-base a taxa básica de juros (Selic), no início do mês de análise, com a justificativa de controlar a inflação, atenuando o aquecimento da demanda interna, o fluxo de pessoas no comércio varejista ainda mostra uma boa performance. Em outras palavras, o aumento dos juros não deixou, ao menos até este momento, de atrair o consumidor às compras.
"O aumento do fluxo de pessoas no comércio varejista teve uma desaceleração em relação ao primeiro trimestre do ano, crescendo 8,5% em relação ao primeiro trimestre do ano passado. Mesmo com um queda de 0,7 ponto percentual em relação ao primeiro trimestre, o comércio varejista ainda mostra uma boa performance nos seus indicadores", revela o economista chefe do Núcleo de Estudos e Projeções Econômicas (NE&PE) da Gouvêa de Souza & MD, Cesar Fukushima.
Expectativa: momento atual é de cautela
Apesar do cenário turbulento para o consumidor, os dados de crédito divulgados recentemente pelo Banco Central reforçam a tendência positiva. O volume de crédito à pessoa física cresceu 31,7% no acumulado em 12 meses, enquanto a média da taxa de inadimplência para pessoa física está estável em aproximadamente 7,1% em 2008. Outro ponto em destaque é a expansão do prazo de pagamento, que atualmente está em 457 dias corridos, o que implica alta de 59 dias em 12 meses.
Entretanto o economista alerta que, mesmo com o crescimento, o momento atual é de cautela para o empresário do comércio varejista, por conta da inflação. O IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo, o indicador oficial de inflação do País) teve uma variação, até maio deste ano, de 2,88%, enquanto o segmento de alimentos e bebidas teve uma inflação de 6,4% em 2008.
Desta maneira, as projeções do IFV-CA para os próximos três meses mostram uma queda no fluxo de pessoas. Em julho, agosto e setembro, o índice deverá atingir os percentuais de 4,1%, 3% e 1,9%, respectivamente.
"É importante observar que o índice difusão da inflação está em 71%, o que é preocupante e pode influenciar negativamente o fluxo de pessoas no comércio do País", ressalta Fukushima. "Isso se deve, principalmente, ao nível de endividamento dos consumidores, com o crescimento das taxas de juros e da inflação".
Índice
O IFV-CA mede, em tempo real, o fluxo de pessoas nas lojas em todo o País e permite a sua correlação com o desempenho das vendas. Trata-se de uma pesquisa inédita no Brasil. Ela é realizada somente nos Estados Unidos, há apenas três anos.
O ponto alto é que o índice permite ao empresário avaliar a eficácia das ações de marketing adotadas, bem como projetar cenários futuros. Para a Gouvêa de Souza & MD, o empreendedor do varejo necessita cada vez mais de ferramentas que o auxiliem em suas tomadas de decisão. Dados como esses são essenciais também para toda a cadeia de suprimentos do setor, desde a indústria até os fornecedores de serviços, para uma melhor programação de estoque, preços, promoções e logística.
