Para este ano, é esperado um aumento no nível de investimentos das empresas. Se, em 2007, 79% delas investiram o correspondente a 5,3% do faturamento, em 2008, 90% demonstraram intenção de investir o equivalente a 6,7%.
O resultado consta da terceira edição da pesquisa da Abinee (Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica), realizada com pequenas e médias indústrias do setor eletroeletrônico, com até 500 funcionários, e distribuídas por todo o País. Ela foi divulgada na última edição da publicação mensal da entidade.
Atentos às oportunidades trazidas pelo mercado e à disposição do governo em estimular as exportações das micro, pequenas e médias empresas, por meio da Política de Desenvolvimento Produtivo, os empresários demonstram fôlego para os investimentos, mesmo com o cenário atual de desaceleração no ritmo de crescimento da economia do País, causada pela inflação das commodities e pela escalada de aumento da Selic, a taxa básica de juros, como principal medida do governo Lula para combater a inflação.
Gargalos
Disposição não falta. Mas as empresas pesquisadas apontaram gargalos que podem desviar o curso de seus investimentos. Os principais problemas decorrem das deficiências estruturais do País, como juros elevados, câmbio defasado, burocracia do Estado, complexa e alta carga tributária, falta de mão-de-obra em todos os níveis, greves de servidores públicos, concorrência com mercado informal e com produtos importados, principalmente os chineses.
@@@
Recursos próprios
Em todas as edições da pesquisa, o que tem surpreendido é o elevado número de empresas que utilizam recursos próprios para investimento. No ano passado, somente 15% dos empresários utilizaram linhas de financiamento do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), enquanto 93% afirmaram usar recursos próprios. Quanto aos motivos indicados para a não-utilização dos recursos do banco destacaram-se a burocracia (31%) e as garantias exigidas (20%).
Para este ano, 85% dos entrevistados tendem a continuar a usar meios próprios para os investimentos, apesar de 81% delas terem condições de solicitar os recursos do BNDES. No entanto, observa-se um aumento no número de empresários que devem buscar o BNDES: de 15% para 31%. Além disso, houve queda de 16% para 7% na porcentagem de empresas que alegaram não usar o banco por falta de conhecimento das linhas oferecidas.
Investimento em tecnologia
O estudo apontou que as empresas utilizam muito pouco os recursos do governo disponíveis para P&D (Pesquisa e Desenvolvimento). Do total, 74% não utilizam os recursos, 10% utilizam as linhas da Finep (Financiadora de Estudos e Projetos) e 5%, do FAP (Fundo de Amparo à Pesquisa). Os empresários alegam desconhecer as linhas de financiamento e não usá-las por conta da burocracia das instituições.
Ao mesmo tempo, as organizações se ressentem de uma estrutura melhor para se desenvolverem tecnologicamente e reclamam da falta de suporte ao desenvolvimento das pesquisas, do número reduzido de laboratórios, de financiamentos, de uma política de incentivos do governo e de integração com as universidades.
Ainda foram citados problemas como a falta de profissionais capacitados em P&D, as dificuldades com os sub-fornecedores de ferramenta, logística, preço de software, dificuldade com aquisição de peças para protótipos ou de insumos em pequenas quantidades e os altos custos de ensaios.