O Investimento Estrangeiro Direto (IED) na América Latina e Caribe alcançou níveis recordes em 2007: US$ 105,9 bilhões, segundo estudo divulgado nesta quinta-feira, 8, pela Comissão Econômica Latino-americana (Cepal). Uma cifra bem distante do último recorde, registrado em 1999, de US$ 89 bilhões, e que *é motivo de otimismo por uma série de razões*, destaca o estudo.
A principal delas é que enquanto a entrada de investimentos na região em 99 ocorreu em um contexto das privatizações, consistentes em uma só operação, em 2007 foi *impulsionada, sobretudo, pela determinação das empresas transnacionais (translatinas), que buscam novos mercados para aproveitar o crescimento da demanda local de bens e serviços e pelas empresas que buscam recursos naturais, em um entorno de dinamismo da demanda mundial*.
O estudo ressalta que, embora tenham sido registrados menores níveis de IED no exterior por parte das translatinas, apareceram novas empresas de diferentes setores que estão investindo fora de seu país de origem, enquanto que o IED de algumas das empresas tradicionais estão chegando a níveis inéditos*.
Comparando com outras regiões do mundo, a América Latina e o Caribe foram as em que mais aumentaram as correntes de IED em termos porcentuais (43% em comparação com um incremento mundial de 18%)*, destaca o relatório de 273 páginas. Também constata que a desaceleração econômica dos Estados Unidos (maior investidor na região), em 2007, *não afetou muito o investimento, sobretudo porque seus efeitos só começaram a ser sentidos no último trimestre do ano*.
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Quarteto de ouro
O principal país receptor de IED no ano passado foi o Brasil, seguido por México, Chile e Colômbia. *Grande parte do incremento do investimento registrado na região se deve ao aumento do IED recebida por estes quatro países*, detalha a Cepal. *Só o Brasil recebeu US$ 15 bi mais (um incremento de 84%) do investimento em 2007 que em 2006*.
O Brasil recebeu US$ 34,585 bilhões, enquanto o México registrou US$ 23,230 bilhões, o Chile US$ 14,457 bilhões e a Colômbia US$ 9,028 bilhões. A Cepal destaca que *diferente do que ocorreu em anos recentes, quando o investimento aumentou muito, produto de uma só ou poucas aquisições, em 2007, o crescimento do investimento no Brasil se repartiu em vários setores diferentes*.
Além disso, o documento alerta que, embora a tendência do investimento em recursos naturais esteja longe de ser estável, entre as principais fontes de investimento, e por conseqüência de seu incremento, em vários países da região, cabe mencionar os hidrocarbonetos e, sobretudo, os minérios.
Neste sentido, o Brasil e o Chile foram os países que receberam maiores investimentos em minérios. *No entanto, inclusive países como México e alguns países centro-americanos, onde tradicionalmente não se destinavam grandes investimentos em busca de recursos naturais, têm passado a ser importantes receptores de tais correntes*, afirma o estudo.
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Siderurgia
A Colômbia se sobressai por sua tendência ascendente no investimento em hidrocarbonetos, que somou aproximadamente 40% do total das entradas de 2007. A siderurgia foi um dos principais setores de investimento na Argentina, Brasil e México. *Este fato reflete uma combinação de estratégias de busca de mercado e recursos naturais*, analisa o relatório.
*Enquanto que a disponibilidade minério de ferro, somada à crescente demanda global de aço, tem propiciado iniciativas orientadas à exportação, o crescimento da indústria automotiva, do setor da construção (residencial, comercial, infra-estrutura) e da indústria do petróleo e gás, entre outras, têm impulsionado o investimento tendente a satisfazer a demanda regional*, afirma.
Por outro lado, estas indústrias mencionadas, junto com os serviços, os alimentos e bebidas, têm recebido o grosso dos investimentos em busca de mercados. Em 2007 este tipo de investimento foi impulsionado pelo crescimento sustentável da região, a alta da renda real e o maior acesso ao crédito em alguns países. Além disso, segundo o estudo, as empresas têm tentado aproveitar cada vez mais a incorporação ao mercado dos consumidores de baixa renda, criando inovadoras estratégias produtivas para atender a demanda daqueles que estão na *base da pirâmide*.
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Desafios
Em 2007, os principais investidores na América Latina foram os Estados Unidos, Países Baixos e Espanha, conforme constatou o estudo realizado pela Cepal. Essa situação persiste há uma década. Para os economistas que elaboraram o estudo, a região possui vários desafios para melhorar as correntes de investimento e aproveitar os benefícios da IED para o desenvolvimento regional.
*Apesar do maior volume de IED e o crescente nível de investimentos em uma variedade de indústrias (o que muitas vezes é resultado das políticas especificamente estabelecidas de diversificar), a região ainda está distante de conseguir suas metas no que diz respeito ao fortalecimento da capacidade e a da instauração de um entorno institucional propício para aproveitar o máximo todo o impacto da atividade de IED*, afirma.
Neste sentido, a Cepal diz que o *fortalecimento das instituições, sobretudo, no âmbito da regulação e das políticas de concorrência, também é indispensável para cuidar porque se aproveitam os benefícios do investimento em serviços, com tecnologias em rápida evolução, tal como se observa no setor dos serviços de telecomunicações*.