Juro alto desacelera crédito ao consumidor

Apesar da alta dos juros, a demanda por crédito continua crescendo, principalmente entre as empresas. Em junho, de acordo com dados do Banco Central (BC), as operações de crédito do sistema financeiro apresentaram expansão de 2,1% na comparação com maio. Com a variação, o estoques dessas operações aumentou R$ 1,044 trilhão, em maio, para R$ 1,067 trilhão, em junho.

Segundo o BC, o aumento do volume de empréstimos no mês passado reflete *o desempenho expressivo dos financiamentos para as pessoas jurídicas, ao mesmo tempo em que os empréstimos para pessoas físicas vêm sinalizando tendência de desaceleração*, diz trecho da nota divulgada pela instituição. Segundo o BC, no período, o volume de crédito para as empresas cresceu 3,3%, na comparação com maio, enquanto as operações para as famílias tiveram expansão de 0,7%.

No acumulado de 12 meses até junho, os empréstimos computam expansão de 33,4%. Ainda de acordo com o BC, a carteira de crédito do sistema financeiro em junho correspondia a 36,5% do PIB. Em maio, esse percentual era de 36,3% e em junho de 2007, de 32%.

Taxas de juros

Em relação às taxas de juros, no conjunto de todas as operações livres – em que não há destinação específica para os recursos, a taxa média subiu de 37,6% em maio para 38% ao ano em junho. Com esse aumento, o juro subiu para o maior patamar desde abril de 2007, quando estava em 38,1%. Em 12 meses até junho, o juro acumula aumento de 1,3 ponto porcentual.

O aumento das taxas ocorreu pelo comportamento dos empréstimos para as pessoas físicas. Nessas operações, a taxa passou de 47,4% para 49,1% anuais entre os dois meses e atingiu o mesmo patamar de abril de 2007, quando também estava em 49,1%. Em 12 meses, essas operações acumulam aumento da taxa de 1,3 ponto porcentual.

Nas operações para as empresas, o juro seguiu tendência contrária e houve redução de 26,9% para 26,6% ao ano. Mas no acumulado em 12 meses, a tendência também é de alta e o juro subiu 2,9 pontos no período.

Já o spread bancário – diferença entre a taxa de captação dos bancos e empréstimo – nas mesmas operações permaneceu em 24,5 pontos porcentuais em junho, igual patamar de maio. O comportamento nos diferentes empréstimos, no entanto, foi distinto. Nas operações para as famílias, houve aumento do spread de 1,2 ponto, de 33,5 pontos para 34,7 pontos entre maio e junho.

Inadimplência

A taxa de inadimplência nas operações de crédito do sistema financeiro caiu de 4,3% em maio para 4% em junho. Em 12 meses até junho, a parcela dos empréstimos com atraso superior a 90 dias acumula redução de 0,7 ponto porcentual.

Já nas operações para as pessoas físicas, a inadimplência caiu de 7,4% para 7% entre maio e junho. No acumulado em 12 meses, a redução é menor, de apenas 0,1 ponto. Nas operações voltadas às empresas, o porcentual de parcelas em atraso caiu de 1,8% para 1,7% entre os dois meses. Em 12 meses, a redução acumula 0,8 ponto porcentual até junho.

Dinheiro em circulação

A base monetária teve contração de 1,2% na média dos saldos diários de junho, na comparação com maio, segundo informou o Banco Central. A contração ocorrida no mês passado é a primeira desde março de 2008. Com a variação ocorrida em junho, o saldo da base monetária (papel moeda emitido mais reservas bancárias) caiu de R$ 132,658 bilhões em maio para R$ 131,067 bilhões em junho. No acumulado em 12 meses até junho, a base monetária, pelo conceito de média, teve expansão de 15,8%.

No conceito de ponta, que leva em conta o final do período, a base monetária teve retração de 0,3% em junho ante maio. Com essa variação, o montante passou de R$ 133,159 bilhões em maio para R$ 132,793 bilhões em junho. No acumulado de 12 meses até junho, a base monetária, no conceito de ponta, teve expansão de 14,9%

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