O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Armando Monteiro Neto, afirmou que as medidas
anunciadas pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, para tentar conter a valorização do real, são positivas mas de efeito limitado. Monteiro Neto ressaltou que a reversão da cotação do dólar passa pela redução dos juros básicos, a Selic, para diminuir a atratividade do Brasil para o capital estrangeiro, um dos fatores que mais contribuem para a queda da moeda norte-americana.
"A CNI apóia as medidas do governo, mas o efeito delas ao final será limitado", sentenciou. "O que seria desejável na condução da política macroeconômica não era mudar a política cambial, mas amenizar a política
monetária, porque o que está agravando a apreciação no câmbio é essa enorme diferença que existe entre a taxa de juro interna e a taxa de juro externa", prosseguiu o presidente da CNI.
Ele lembrou que a taxa de juros real americana é negativa, porque a taxa nominal, de 3% ao ano, é menor do que a inflação. "E aqui a taxa de juro real é de 6,5%. Mantido esse diferencial, teremos sempre um afluxo de
poupança muito grande, que são os tais ganhos de arbitragem. Ou a gente reduz a diferença entre a taxa de juros interna e a taxa de juros externa ou o dólar não pára de cair", disse Monteiro Neto.
O presidente da CNI avaliou que a desobrigação de o exportador trazer para o Brasil os 70% de recursos das vendas que ele ainda tinha de internalizar terá efeito limitado. "Mesmo não tendo a obrigação de internalizar 30%, como era até agora, o exportador tinha interesse em fazer a cobertura cambial, porque ele também quer aplicar em real, quer ganhar com a taxa de juros do Brasil", avaliou.
Armando Monteiro Neto considerou correta a medida que retira o IOF das operações de câmbio vinculadas às exportações. Sobre a incidência de 1,5% de IOF nas aplicações estrangeiras em renda fixa, o presidente da CNI
disse que ela é positiva, porém de alcance também limitado porque as taxas de juros brasileiras são atrativas para o investidor internacional.



