Micro e pequenas do interior concentram 64% dos empregos

Nos últimos anos, o mercado de trabalho brasileiro tem mostrado maior dinamismo fora das regiões metropolitanas do País. Do total de 2,2 milhões de empresas formais empregadoras, 66,3% estão em municípios do interior. Por sua vez, as micro e pequenas empresas concentradas fora das capitais e grandes cidades respondem por 64% do número de empregos, ou seja, por 13,2 milhões de vagas de trabalho.

Os dados constam do Anuário do Trabalho na Micro e Pequena Empresa 2008, encomendado pelo Sebrae ao Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). Para formulação do levantamento foram utilizados informações do Dieese, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Relação Anual de Informações Sociais (Rais), Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad), Ministério do Trabalho e Pesquisa do Emprego e Desemprego (PED) e Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).

As bases de dados do Anuário reúnem informações de 6.073.056 micro, pequenas, médias e grandes empresas formais. Dessas, 2.184.934, ou 97,5% são micro e pequenas. Já as médias e grandes empresas somam 56.137, ou seja, 2,5% do total de empreendimentos.

Em termos regionais, a distribuição aponta para os municípios do interior da Região Sul como os que mais empregam, com 81,3% do total de postos ocupados em micro e pequenas empresas. A Região Sudeste aparece em segundo lugar, com 64,7% do número de empregos em micro e pequenas empresas de fora das regiões metropolitanas. Logo após vem o Nordeste, com 50,4% de ocupados no interior. Em seguida, estão o Norte, com 47,8% de pessoas ocupadas fora das capitais, e o Centro-Oeste, com 44,9% de empregados nos municípios do interior.

Considerando os setores de atividade econômica, a indústria é destacada como a maior empregadora. Em 2006, o setor industrial registrou 77% do número total de trabalhadores empregados nos municípios do interior. Depois da indústria, as micro e pequenas empresas do comércio são as que mais empregam, respondendo por 66% das vagas de trabalho fora das grandes cidades.

Já nas atividades voltadas para construção e serviços, registra-se relativo equilíbrio na distribuição do emprego entre capital e interior, com 56% e 55% de participação, respectivamente.

O diretor-técnico do Dieese, Clemente Ganz Lúcio, avalia que um dos fatores que explica a dinâmica da economia no interior é a maior proximidade da produção final ao processo industrial, com fábricas localizadas em regiões privilegiadas. Aliado a este fato, o diretor também cita o aumento do poder aquisitivo do consumidor fora das capitais, o que gera grande impacto nas micro e pequenas empresas.

“É um duplo efeito, movido pela importância da indústria e de seu deslocamento para o segmento agrícola. Esse processo vem acompanhado do efeito renda, o que significa que mais pessoas dispõem de maiores oportunidades para a geração de micronegócios”, explica o diretor.

Para o gerente da Unidade de Agronegócios do Sebrae Nacional, Juarez de Paula, o crescimento do setor agrícola, puxado boa parte pela alta da exportação, e a saturação do mercado nas grandes cidades justificam a expansão de novos centros dinâmicos no Brasil.

“Somos exportadores da maior parte dos produtos agrícolas, como carnes, laranja, soja, café, açúcar e álcool. Isso implica aumento da produtividade e maior demanda por serviços, especialmente nas etapas pós-produção. Temos exemplos concretos de economias ativas no oeste baiano, em Mato Grosso e no Piauí”, afirmou.

Os números também mostram que a Região Sudeste é que mais gera postos de trabalho no Brasil. As micro e pequenas empresas da região empregam mais de 7 milhões de pessoas, com destaque para o Estado de São Paulo que gera pouco mais de 4 milhões de postos de trabalho.

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