Aumentos expressivos nos preços de minério de ferro, arroz em casca e soja no atacado levaram à taxa maior da primeira prévia do Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) de maio – que subiu 1,36%, em comparação com o aumento de 0,33% em igual prévia do mesmo índice em abril. A informação é do coordenador de Análises Econômicas da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Salomão Quadros.
Segundo ele, outros produtos também subiram de forma mais intensa, no setor atacadista – mas as elevações de preços nesses três itens foram determinantes para o fim da queda nos preços das matérias-primas brutas (de -1,60% para alta de 3,92%) dentro do IGP-M. Esse segmento, entre os três pesquisados para cálculo do Índice de Preços por Atacado (IPA), foi o que mais puxou para cima a inflação do setor atacadista, que subiu 1,82% na primeira prévia de maio, ante alta de 0,26% em igual prévia em abril.
Já as quedas de preços em itens in natura ajudaram a conter o impacto do repasse da alta de itens do atacado para o varejo. A influência dos produtos in natura foi tão forte, que acabou por puxar para baixo a taxa do Índice de Preços ao Consumidor (IPC, de 0,40% para 0,27%), da primeira prévia de abril para igual prévia em maio.
Segundo o coordenador da FGV, houve quedas de preços em hortaliças e legumes (-1,77%) e frutas (-1,09%). Quadros lembrou que o comportamento de preços desses itens é muito volátil, dependente de mudanças climáticas – mas considerou que é grande o peso destes na formação da inflação do setor varejista, principalmente entre os alimentos.
Mas nem todos os produtos no setor de alimentação estão caindo. Muitos derivados de itens que estão em alta no atacado, agora se posicionam em aceleração no varejo – devido ao repasse de alta de custos, originada dessas elevações no setor atacadista. É o caso dos preços em arroz parboilizado (de 0,05% para 3,03%); arroz branco (de -1,30% para 5,27%); massas e farinhas (de 0,21% para 2,17%); farinha de trigo (de 1,43% para 5,88%); panificados e biscoitos (de 2,08% para 3,70%); e carnes bovinas (de -0,92% para 1,16%).
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Acumulado e tendência
O IGP-M acumulado em 12 meses até a primeira prévia de maio, de 11,25%, foi o maior desde fevereiro de 2005, quando esse tipo de taxa acumulada registrou alta de 11,30%.
Ao ser questionado sobre a previsão para o IGP-M completo de maio, o economista informou que "seguramente" será maior do que o apurado em abril (0,69%). Entretanto, ele discordou da avaliação de que os IGPs, este ano, podem atingir trajetória similar ao que ocorreu em 2002 – visto que a primeira prévia de maio deste ano, do IGP-M, foi a mais intensa desde dezembro de 2002.
"São cenários diferentes. Não acho que a trajetória dos IGPs agora, em 2008, seja igual à de 2002 ou à de 2004. Ainda acho que essa movimentação (de alta de preços) pode ser momentânea", disse.
Entretanto, concordou que os próximos resultados do índice serão bastante pressionados para cima. Isso porque há um número elevado de fatores que podem elevar a taxa do índice. Ele lembrou que o impacto dos recentes aumentos de preços do minério de ferro ainda não foram completamente absorvidos pelo IGP-M. Além disso, os recentes reajustes de gasolina e diesel ainda nem chegaram a ser absorvidos pelo indicador. "Temos que estar preparados para ter mais impactos de preços", afirmou.