A exportação de carne brasileira poderá sofrer retração por efeito das mudanças climáticas, afirmou em entrevista à Agência Brasil o diretor do Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas à Agricultura (Cepagri) da Universidade de Campinas (Unicamp), Hilton Silveira Pinto. Em parceria com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), ele coordenou estudo sobre o aquecimento global e os impactos sobre a agricultura nacional.
Hilton Silveira afirmou que o aumento das temperaturas poderá afetar as condições das pastagens para desenvolvimento do gado de corte. “Esse é um grande problema. A produção de alimento animal tende a diminuir”.
Com o aumento da seca, o custo de produção de carne deve subir de 20% para 45%, relata a pesquisa. Com isso, o custo médio de produção da carne no Brasil, que hoje é de cerca de US$ 1,60 o quilo, poderá passar para US$ 2,88, no melhor cenário de aquecimento global. Em cenário mais pessimista, o custo poderá chegar a US$ 4,16 o quilo.
De acordo com o estudo da Unicamp/Embrapa, nessas condições o pecuarista brasileiro perderá competitividade para os produtores de outros países, como os Estados Unidos, onde a tendência é que as mudanças de clima surtam efeitos mais moderados nas pastagens.
A pesquisa será divulgada hoje (11), em São Paulo, na abertura do 7º Congresso Brasileiro do Agribusiness, promovido pela Associação Brasileira de Agribusiness (ABAG). O tema central do evento é Agronegócio e Sustentabilidade.