Mundo ainda está em “zona de perigo” por alta nos preços dos alimentos, diz Banco Mundial

Os altos preços dos alimentos e os baixos níveis de estoques fazem com que o mundo continue em uma “zona de perigo”, disse o presidente do Banco Mundial, Robert Zoellick.

Segundo o relatório trimestral Food Price Watch, divulgado pelo Banco Mundial nesta segunda-feira, em julho (último dado disponível) os preços mundiais dos alimentos estavam 33% mais altos do que um ano antes e próximos do recorde registrado em 2008.

O documento cita ainda os níveis “alarmantes” dos estoques mundiais de alimentos. “Com esses baixos níveis de estoques, mesmo pequenas quedas na produção podem ter efeitos amplificados sobre os preços”, diz o texto.

Depois de um pico em fevereiro, alguns produtos chegaram a registrar baixa de preços, mas a volatilidade é motivo de preocupação.

De acordo com o Banco Mundial, a “esperada volatilidade” nos preços de produtos como açúcar, arroz e petróleo pode ter “efeitos inesperados” nos preços dos alimentos nos próximos meses. “A vigilância é vital, devido às incertezas e à volatilidade existentes”, disse Zoellick.

A volatilidade pode ser observada na evolução de produtos como o milho, cujo preço caiu em junho e voltou a subir em julho, registrando aumento global de mais de 80% no período de um ano.

O comportamento também varia de acordo com a região. Enquanto os preços do milho aumentaram mais de 100% em um ano em Uganda, no Haiti, no mesmo período, houve queda de 19%.

Entre os diversos fatores que contribuem para a alta dos alimentos está o aumento dos custos de produção, causado em parte pelos altos preços do petróleo, atualmente 45% maiores do que os registrados um ano atrás.

A alta tem impacto sobre a cadeia produtiva. De julho de 2010 a julho de 2011, o preço dos fertilizantes subiu 67%.

Segundo o Banco Mundial, as incertezas sobre a economia global e a instabilidade política em diversos países do Oriente Médio e do Norte da África devem manter os preços do petróleo voláteis no curto prazo.

Essa combinação de altos preços dos alimentos, baixos estoques e grande volatilidade é uma situação de risco para as populações mais pobres do mundo em desenvolvimento, e o exemplo mais recente é o da crise que já afeta mais de 12 milhões de pessoas no Chifre da África.

De acordo com o relatório, apesar de a situação de emergência na região ter sido provocada por um período prolongado de seca e conflitos internos, como no caso da Somália, os altos preços dos alimentos contribuíram para agravar a crise.

“O desastre afetou os mais vulneráveis”, diz o Banco Mundial. “Na Somália, os preços dos cereais produzidos localmente continuam a crescer em todas as regiões desde 2010 e já ultrapassam o pico de 2008.”

Para Zoellick, “em nenhum outro lugar do mundo” a combinação de altos preços dos alimentos, pobreza e instabilidade produz efeito mais trágico do que no Chifre da África.

Segundo o relatório, como a vulnerabilidade aos altos preços dos alimentos varia em cada país e também entre diferentes grupos populacionais dentro de um mesmo país, a resposta ao problema deve envolver uma combinação entre intervenções de emergência para ajudar aos mais vulneráveis e iniciativas de longo prazo.
 

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