Os consumidores com renda entre dois e quatro salários mínimos lideram o ranking de inadimplentes do primeiro semestre de 2008, de acordo com a Pesquisa Perfil do Inadimplente, divulgada pela Telecheque na quarta-feira (23).
No acumulado de janeiro a junho, essa classe de consumidores correspondem a 47,2% do total de inadimplentes, sendo 1.358 pessoas de um total de 2.880 pesquisadas. Já a faixa de rendimento acima de quatro mínimos apresentou índice de 18,6%.
Os valores médios das compras não pagas ficaram entre R$ 50 e R$ 399, totalizando 67%. Entre as categorias de produtos comprados, lideram os gastos com vestuário e supermercados.
Descontrole financeiro
Fazer a compra do mês, repôr alguma peça do guarda-roupa, arcar com custos de transporte, têm sido os itens que mais obrigam o consumidor a levar suas despesas na ponta do lápis. A necessidade de uma compra inesperada na farmácia, por exemplo, pode comprometer todo o orçamento do mês, aponta a pesquisa.
O crescimento da participação do descontrole como motivo da inadimplência, que aparece com 60% das indicações, em conjunto com a elevação da inadimplência entre consumidores de faixa etária entre 31 a 50 anos (51% do total), acende um alerta para este segundo semestre.
Facilidade de crédito
O vice-presidente da TeleCheque, José Antonio Praxedes Neto, aponta o aumento das facilidades de crédito ocorrido nos últimos anos como uma das principais contribuições para a inadimplência predominante entre as classes mais baixas.
"Esse perfil de consumidor passou a ter acesso a meios de pagamento que não utilizava no passado", afirma. Praxedes Neto ainda destaca como problema o fato de que "qualquer despesa não prevista afeta o orçamento familiar e o consumidor acaba sendo obrigado a atrasar ou refinanciar os créditos utilizados, já que não pode abrir mão de gêneros de primeira necessidade".
"Mas as taxas aplicadas pelo mercado, principalmente as praticadas pelos cartões de crédito, inviabilizam o pagamento dessas dívidas, iniciando um círculo de aumento do endividamento que acaba tirando o consumidor do mercado," conclui.