O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou hoje que o Brasil enfrenta um embate duro e sofisticado com seus parceiros comerciais porque deixou de ser um País coadjuvante no cenário internacional. "O Brasil ganhou importância no âmbito político e na esfera comercial", destacou, alertando para a necessidade de "juntar a inteligência brasileira" para construir não apenas um discurso, mas uma ação política interna e externa para vencer esses embates. "Não podemos apenas ficar reclamando, temos que estabelecer uma estratégia para vencer este embate", frisou.
Durante palestra proferida em evento realizado hoje na capital paulista e que reuniu dirigentes de empresas e autoridades governamentais, como o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), e o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM), em torno do tema responsabilidade social das empresas e Direitos Humanos, o presidente Lula disse que em nenhum momento da história o Brasil foi tão levado a sério como agora. "Tivemos a sorte de encontrar petróleo e poderemos nos tornar o terceiro maior produtor do mundo, sem precisar usar turbante de xeque árabe", emendou. E justificou que a maior inserção do Brasil no cenário internacional tem criado "um pequeno problema" de disputa internacional.
Lula exemplificou esse embate com as críticas feitas no exterior à produção do etanol. "Começou-se a dizer que no Brasil nós praticamos trabalho escravo, por exemplo, no corte de cana-de-açúcar." E reconheceu que este é um trabalho penoso, "não mais do que as minas de carvão que desenvolveram o mundo no século passado", mas que o País está buscando maneiras de equacionar a questão. "Não vamos aceitar essas acusações, que tentam colocar obstáculos ao nosso avanço (no mundo)", garantiu.
O presidente da República frisou que neste trabalho de criação de uma estratégia para o embate com os parceiros comerciais, na medida em que "o Brasil começa a ganhar mercado e a ocupar espaços que antes eram de outros países", é fundamental "não ter divergências partidária, empresarial e política". E destacou: "É um debate do Brasil com seus competidores".
Na avaliação do presidente, quando o lucro é garantido a questão ideológica fica em segundo plano. "Ninguém reclama que a China tem partido único, que a China só tem o jornal do partido porque as pessoas lá estão ganhando dinheiro". "A questão ideológica também não tem muita coisa a ver com os interesses do capital quando o lucro está garantido."
Lula disse que o complicado é fazer tudo o que o Brasil vem fazendo "em um regime altamente democrático, com o Congresso Nacional funcionando plenamente, com empresas na sua plenitude de liberdade democrática, com partidos políticos brigando entre si e com outros, e com a imprensa livre". Ele ressaltou que a partir do momento em que as empresas que produzem no País tiverem em seus produtos inclusão social e conquista de direitos humanos, o País terá cada vez mais vantagem competitiva.