O Ministério da Agricultura suspendeu as importações de uva da Argentina e do Chile por causa de uma praga quarentenária, inexistente no território nacional, denominada ácaro Brevipalpus chilensis. O secretário de Defesa Agropecuária, Ênio Marques, negou que a medida seja uma represália à demora dos argentinos de atender ao pedido de retirada das restrições às importações de carne brasileira.
Ele disse que a certificação das cargas estava com problemas e que por isso o Brasil adotou o princípio da precaução e suspendeu as importações dos dois países.
Os dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) mostram que as importações de uva argentina no primeiro trimestre deste ano caíram 8,9%, para 13,9 mil toneladas e a receita recuou 20%, para US$ 8,4 milhões na comparação com igual período do ano passado. Em igual base de comparação, a entrada de uvas chilenas no Brasil cresceu 45,5% em volume e atingiu 11,3 mil toneladas nos primeiros três meses deste ano. A receita cresceu 36,1% e somou US$ 6,95 milhões.
Segundo rumores que circularam nesta quarta-feira no mercado, a partir deste mês o Brasil também restringiria, por questões sanitárias, as importações de maçã e pera, que são muito mais expressivas em volume e em valor. A receita argentina com as exportações das duas frutas para o mercado brasileiro no primeiro trimestre somou US$ 47 milhões.
O secretário Ênio Marques descartou a adoção de qualquer tipo de medida para gerar restrição ou embaraço às importações de pera e maçã argentinas. Ele levantou a hipótese de que os rumores possam ter surgido a partir da interpretação equivocada sobre os estudos que estão sendo realizados pela Defesa Agropecuária para aprimorar os processos de importação de frutas e legumes, que atualmente têm entrada livre no País.
Ele diz que uma das providências que está em estudo será a adoção de um sistema de alerta para pragas quarentenárias, como o ácaro Brevipalpus chilensis, pois nem existem agrotóxicos registrados no Brasil para controle de uma possível infestação nos pomares.