Pequenos produtores são orientados a adotar práticas inovadoras e ecologicamente corretas
Pequenos produtores do sertão sergipano estão aprendendo a inovar com sustentabilidade. A tecnologia pasto agroecológico tem aumentado a produção e preservado o meio ambiente na região. A tecnologia é disseminada pelos consultores dos Frutos da Floreta, projeto desenvolvido pelo Instituto de Cooperação para o Desenvolvimento Sustentável (Icoderus), que conta com total apoio do Programa Petrobras Ambiental e tem como parceiro o Sebrae.
O pasto agroecológico é formado por árvores nativas, que além de gerar sombra serve para alimentar os animais. Um bom exemplo é o caso do mata pasto, que nasce com a chuva. Na maioria das vezes o produtor utiliza herbicidas para matá-lo. Indiretamente o consumidor acaba ingerindo no leite resquícios desses agrotóxicos. Mas se o mata pasto for cortado pela raiz, triturado e colocado no silo por um período mínimo de três semanas, ele se transforma num alimento nutritivo e saboroso para os animais.
Outro ponto positivo é que eles servem de corredores ecológicos, principalmente para os pássaros. “Além de preservar o ecossistema, reduzir gastos com ração e evitar a utilização de venenos. O pasto agroecológico tem melhorado a produtividade do leite”, explica o engenheiro florestal Ronaldo Fernandes, coordenador técnico do projeto. “Já capacitamos 15 produtores com essa nova tecnologia. Os bons resultados que eles estão obtendo está chamando a atenção dos outros empreendedores rurais, e mais 20 pessoas já demonstraram interesse em conhecer a tecnologia”, explica.
Um bom exemplo é o caso do pequeno criador Manuel Soares Cardoso, que conseguiu um aumento de aproximadamente 20% na produtividade leiteira do seu rebanho bovino. Manuel Soares é integrante da Associação Comunitária dos Produtores Rurais da Lagoa do Rancho, em Porto da Folha, e há seis meses tem adotado a tecnologia do pasto agroecológico. “Utilizo vegetações nativas para alimentar o gado e outros animais. Estou economizando com a compra de milho e soja para ração. O mais interessante é que os animais preferem o pasto”, comenta Manuel.
No início, os vizinhos de Manuel até criticaram a opção dele pela novidade. Diziamque a utilização da vegetação nativa para alimentar os animais era coisa de produtor preguiçoso, que não queria ter trabalho, e que os animais poderiam até morrer comendo esses matos. “Depois que viram que dava certo, que aumentei a produtividade e reduzi custos, ficaram interessados em aprender essa nova técnica”, explica. Além do leite bovino, Manuel trabalha com apicultura e cria porco e galinha. “A vegetação nativa também é o melhor alimento das abelhas. Alguém já soube de apiário que sobreviveu em pastos só com capim?”, questiona o produtor.
Quem também aderiu à tecnologia do pasto agroecológico foi o produtor Edinildo Rodrigues de Medeiros, dono de uma pequena propriedade rural no povoado Lagoa da Entrada, em Porto da Folha. Além do leite de gado, Edinildo também trabalha com apicultura e planta palma. Ele é integrante da Associação dos Apicultores de Porto da Folha e somente há 30 dias vem utilizando à catingueira e outras vegetações nativas para alimentar os animais. “Estou satisfeito, a economia com a compra de ração está sendo ótima, os animais estão se alimentando bem, mas ainda não deu para perceber o aumento da produtividade de leite, pois tem pouco tempo que aderi ao pasto agroecológico”, diz o produtor.