Pequenas empresas paulistas apresentam queda de faturamento

As micro e pequenas empresas (MPEs) paulistas apresentaram em julho de 2008 uma queda de 3% no faturamento real na comparação com julho do ano passado, descontada a inflação no período. Apesar do resultado, o otimismo entre os empresários, em agosto, continuou em alta: 58% dos entrevistados acreditam numa melhora no seu faturamento nos próximos seis meses, ante 45% no mês anterior. Entre os empresários ouvidos, 57% esperam uma melhora da economia brasileira no próximo semestre, sobre 43% no mês de julho de 2008.

Parte dessa melhora nas expectativas dos empreendedores pode ser atribuída à movimentação da economia para atender às vendas de final de ano e ao crescimento da economia. Dados divulgados na quarta-feira (10) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro cresceu 6% no primeiro semestre deste ano na comparação com mesmo período do ano passado.

Essas foram as principais constatações da pesquisa Indicadores Sebrae em São Paulo. O levantamento é realizado mensalmente pela Instituição e pela Fundação Seade. O objetivo é monitorar o desempenho das micro e pequenas empresas em todo o Estado, medindo as taxas de faturamento, pessoal ocupado, gastos com salários, rendimento médio do trabalhador e expectativas dos empresários. O relatório também apresenta dados para quatro regiões: capital (cidade de São Paulo), Grande ABC, Região Metropolitana de São Paulo (39 municípios) e interior.

Na comparação de julho de 2008 com julho de 2007, o comércio foi o único setor a apresentar estabilidade no faturamento real (+0,1%), enquanto os serviços (-8,2%) e a indústria (-4,2%) apresentaram queda. Regionalmente, o Grande ABC foi onde se verificou a maior queda (-15,1%) na comparação de 12 meses. A seguir, vem a capital (-6,2%), Região Metropolitana de São Paulo (-4,3%) e o Interior (-1,8%).

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O nível de pessoal ocupado (média por empresa) apresentou queda de 5,7% em julho de 2008 sobre julho de 2007. A saída de familiares e de sócios das empresas para o mercado de trabalho formal tem liderado a redução do número médio de pessoas ocupadas nas micro e pequenas empresas. Em julho do ano passado havia 4,32 pessoas, em média, por empresa. Em julho de 2008, a média de pessoas ocupadas caiu para 4,07 pessoas por empresa.

O rendimento real dos empregados teve queda de 1% em julho de 2008 na comparação com julho de 2007. Trata-se da primeira queda no indicador desde janeiro de 2008. No mesmo período, o total gasto pelas micro e pequenas empresas com salários apresentou queda de 7,7%, reflexo da redução no número médio de pessoas ocupadas no segmento e da redução do rendimento médio real dos empregados.

Segundo o coordenador do Observatório das Micro e Pequenas Empresas do Sebrae em São Paulo, Marco Aurélio Bedê, "nos últimos 12 meses, o faturamento dessas empresas cresceu 4,3% em termos nominais, portanto, abaixo da inflação de 7,56% medida pelo INPC calculado pelo IBGE. A correção dos preços das micro e pequenas empresas abaixo da inflação do período e o fato de julho do ano passado ter sido o melhor mês de julho desde 2003, ou seja, a base de comparação é alta, explicam o resultado negativo neste último mês, em termos de faturamento real."

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Comparação

Na comparação mês a mês, o faturamento real das micro e pequenas empresas registrou aumento de 5,5% em julho de 2008 sobre junho de 2008. O comércio foi o setor que apresentou o maior crescimento real no mês, de 12,2%, seguido com distância pela indústria, que fechou o mês com alta de 2,4%. Enquanto comércio e indústria apresentaram expansão real de receita, o setor de serviços teve redução de 4,4% no faturamento real.

Ainda em julho, na comparação com junho de 2008, o rendimento real dos empregados nas micro e pequenas empresas paulistas teve redução de 2,1%. A média do pessoal ocupado, por empresa, apresentou variação negativa de 0,4% na comparação de julho de 2008 com o mês anterior. No mesmo período, os gastos das micro e pequenas empresas com salários apresentaram queda de 1%.

Cenário Econômico

Para os próximos meses, as previsões são de que a economia brasileira continue em crescimento, embora com taxas um pouco abaixo das que têm sido divulgadas atualmente. Um dos fatores que deve contribuir para essa desaceleração é o próprio aumento da inflação. "A inflação reduz o poder de compra da população, limita o consumo das famílias e tende a levar o governo a aumentar as taxas de juros, para controlar o aumento de preços", explica Marco Aurélio Bedê.

Segundo o Banco Central, os analistas de mercado projetam uma inflação de 6,27% para 2008, medida pelo IPCA-IBGE. A meta estipulada para o IPCA em 2008 é de 4,5%, com dois pontos porcentuais de tolerância. A pesquisa está disponível, na íntegra, no portal do Sebrae em São Pualo (www.sebraesp.com.br), seção Conhecendo a MPE/Indicadores.

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