Em meio a uma das maiores turbulências financeiras da história, o primeiro-ministro do Reino Unido, Gordon Brown, ressurge das cinzas. Ao elaborar um plano de resgate para os bancos britânicos, o até então combalido Brown agora é apontado como "herói da crise". O jornal francês Le Monde chama Brown de "mágico" do social-liberalismo anglo-saxão, que hoje dá lições de intervencionismo ao continente. Seria então o momento de chamá-lo de Flash Gordon, o personagem dos quadrinhos? "Somente Gordon, somente Gordon", afirmou ontem, ao responder a um jornalista.
A imprensa européia se apressa em mostrar seu papel de destaque na administração do atual ambiente de desintegração do sistema financeiro e de reconstrução de uma nova ordem econômica, na qual o governo tem papel condutor. Trata-se de uma reviravolta rápida e considerável para o político que cambaleou no cargo durante meses, enfrentando não só ataques da oposição como insatisfações do próprio Partido Trabalhista, com baixos índices de aprovação e dificuldades para manter a popularidade ao suceder o carismático Tony Blair.
Em entrevista a correspondentes estrangeiros em Londres, o primeiro-ministro não alimentou o bombardeio sobre sua "atuação heróica". Limitou-se a dizer que seguirá trabalhando e buscando todas as formas de estabilizar os mercados. "Dêem uma olhada no que eles estavam falando de mim há quatro semanas", brincou.
Brown evita se mostrar precipitado, já que diversos especialistas afirmam que a crise será longa. O pacote não evitará que o Reino Unido entre em recessão, assim como o restante da Europa. A economia real deve sentir os efeitos dos estragos.