Produção de aço do País deve ser recorde este ano

O aquecimento das indústrias automotiva, de bens de capital (máquinas e equipamentos) e da construção civil vão manter em alta as vendas internas de aço este ano. A expectativa é de expansão de 13%, conforme cálculos do Instituto Brasileiro de Siderurgia (IBS). Com essa contribuição, a produção nacional de aço deverá quebrar outro recorde, com 37,6 milhões de toneladas (t) e crescimento de 11,4% em relação a 2007, quando o resultado também foi histórico (33,7 milhões de toneladas).

As estimativas são do vice-presidente-executivo do IBS, Marco Polo de Mello Lopes, que avalia não haver perigo de mais pressão sobre os preços por causa do aumento da demanda doméstica. Embora a influência negativa do câmbio já tenha custado recuo de 25,6% nas vendas externas de produtos acabados (laminados) no ano até maio, essa tendência não deve se manter até o fim de 2008. Lopes avalia que o excedente de produção de produtos semi-acabados (mais voltados para o exterior) de siderúrgicas, como a Gerdau/Açominas e Arcelor Mittal Tubarão, poderá promover uma reação das exportações em 2008, com estimativa de alta de até 16%.

"O crescimento é bem-vindo e o País, aparentemente, dá sinais de crescimento sustentável. Neste sentido, o mercado interno é prioridade para a siderurgia. Não vai haver falta de aço desde que haja previsibilidade", afirma Lopes. Ele lembra que a demanda do mercado interno responde por 60% da capacidade instalada da siderurgia brasileira.

As estimativas do IBS para 2008 apontam ainda para um forte crescimento do consumo nacional de produtos acabados (laminados), ou 11,8%. Para os semi-acabados, a previsão de expansão é ainda mais vigorosa, de 55,3%. "O mundo inteiro compra produtos semi-acabados. As exportações brasileiras vão crescer por causa do excedente de produção nesse segmento", afirma Lopes.

Ao mesmo tempo em que o custo de matérias-primas (commodities), como o minério de ferro e o carvão, já produziram dois aumentos no preço do aço este ano – alta de 12% em março e de 15% em maio, mais previsão de outros 15% em julho, segundo o Instituto Nacional dos Distribuidores de Aço (Inda) – o vice-presidente do IBS diz não haver probabilidade de o maior consumo interno pressionar ainda mais o valor da matéria-prima. "A pressão da inflação de demanda sobre o preço do aço ocorre quando trabalhamos com a capacidade instalada muito apertada", diz Lopes. Nesse contexto, o executivo lembra dos investimentos previstos de US$ 27 bilhões que serão realizados até 2014 para aumentar a produção de aço no País.

Capacidade instalada

O vice-presidente do IBS lembra que as usinas ainda têm margem para aumentar sua produção, pois estão operando, em média, com até 85% de capacidade instalada. "Por falta de capacidade instalada, não há o que se preocupar. A característica da siderurgia é trabalhar com capacidade elevada. Um alto-forno, se desligado, demora seis meses para voltar a funcionar", afirma o executivo.

Ele lembra que mesmo se a produção de uma siderúrgica não dá conta de atender o mercado interno e o externo, há condições de fazer importações para satisfazer ambos as partes sem que isso signifique mais custos.

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