A titular das Confederações Rurais Argentinas (CRA), Maria Llambías, afirmou que as entidades que reúnem os produtores agropecuários da Argentina decidiram retomar os protestos com “medida de força” contra as limitações de exportações de grãos. Assim como foi feito em março, estão previstas mobilizações às margens das rodovias e a suspensão da comercialização de grãos destinados à exportação durante oito dias. Por enquanto, os ruralistas não prevêem o bloqueio de estradas, segundo informou a agência de notícias argentina Telam.
A decisão foi tomada depois de uma reunião, realizada na última terça-feira (6), com o chefe de gabinete da Presidência da Argentina, Alberto Fernández, e com o secretário de Agricultura, Javier de Urquiza. De acordo com o titular da Federação Agrária Argentina, Eduardo Buzzi, durante a reunião se falou de temas que estavam dando voltas, que já estavam acertados, mas a suspensão das exportações não entrou na agenda.
O chefe de gabinete lamentou a decisão dos produtores e afirmou que “não é razoável que voltem aos protestos”. Fernández disse que as reivindicações do setor “deveriam ser tema de conversações”. Ele já havia reclamado da pressão dos ruralistas, que, na sua opinião, impediam as negociações. “Para que qualquer acordo funcione, as duas partes têm que dialogar com liberdade e sem pressões, é inadmissível a pressão constante: se não faz o que querem, voltam aos protestos”, disse.
O ministro também lembrou as conseqüências das manifestações de março, que bloquearam estradas e causaram desabastecimento. “O que as pessoas têm que saber é que os 21 dias de protesto significaram para a Argentina aumento na cesta básica superior a 15%”, afirmou. Segundo declarações do ministro, as retenções da exportação de grãos são uma decisão do governo e devem continuar. De acordo com o ministro, o objetivo da reunião era analisar a repercussão do sistema de retenções sobre o mercado futuro de grãos.
Depois da decisão dos produtores rurais, o secretário-adjunto do Sindicato de Motoristas de Caminhões, Pablo Moyano, afirmou que “ou passarão todos os veículos que circulm pelas rodovias argentinas ou não passará nenhum”. Moyano sustentou que “os trabalhadores caminhoneiros não vão voltar a ser reféns de um protesto insólito e injusto, que só procura desabastecer o povo argentino”.
O dirigente sindical explicou que, caso os ruralistas bloqueiem estradas, os caminhoneiros “abandonarão seus veículos cruzados nas rodovias argentinas, se retirarão para suas casas e voltarão quando o bloqueio for suspenso”.