Representante da FAO propõe plano para incentivar aumento da produção agrícola

Um plano de desenvolvimento que estimule os produtores de alimentos em todo o mundo e seja composto não só por ações coordenadas pelo Sistema Nações Unidas, mas também pelos governos e pela sociedade civil. Isso é o que é necessário para superar a crise provocada pela alta dos preços de alimentos, segundo o representante da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO), José Tubino.

“É todo um investimento que se tem que fazer. O que nós temos que lembrar é que durante as últimas duas décadas a comunidade internacional esqueceu a importância estratégica da agricultura no mundo e se investiu pouco dinheiro na produção agrícola”, afirmou, em entrevista à Agência Brasil.

De acordo com Tubino, a reunião realizada ontem (28) e hoje (29) em Berna, na Suíça, entre o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon, e 27 dirigentes das agências e organizações da ONU, deve resultar em um plano emergencial para atendimento das pessoas que não têm condições de comprar alimentos.

Ele afirmou que essas ações imediatas devem ser executadas principalmente pelo Programa Mundial de Alimentos (PMA), que já pediu mais de US$ 700 milhões à comunidade internacional. Na opinião de Tubino, os principais alvos devem ser mulheres grávidas e crianças menores de cinco anos, justamente os que mais sofrem com a falta de alimentos.

Para planejar ações de médio prazo, o representantes da FAO explicou que a organização já convocou uma conferência para o início de junho, em Roma (Itália). Segundo Tubino, a reunião trataria inicialmente dos efeitos das mudanças climáticas e dos biocombustíveis na questão da segurança alimentar. Por conta do contexto atual, a alta dos alimentos também vai ser discutida.

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“Aí já vamos tratar de elaborar um plano de desenvolvimento que atenda às necessidades dos produtores agropecuários para aumentar a produção de alimentos. É necessário aumentar a produção de alimentos e dar transparência aos mercados nacionais e internacionais, que têm a ver com a comercialização dos alimentos”, disse Tubino.

Essa transparência, segundo ele, pode fazer com que o atual aumento de preços estimule os agricultores a produzir mais. A médio prazo, acrescentou Tubino, isso poderá fazer com que os preços das commodities agrícolas voltem a cair.

Tubino afirmou também que é necessário dar estabilidade à produção em regiões como a África, onde cerca de 90% das plantações não são irrigadas e dependem do regime de chuvas. Ele destacou ainda a importância do apoio à agricultura familiar, tanto em termos de assistência técnica quanto de financiamento. “A agricultura familiar é a maior produtora de alimentos para consumo no mercado doméstico.”

O representante da FAO apontou as causas da alta nos preços dos alimentos. Entre elas, o aumento do consumo, já que a expectativa é que em 2050 a população mundial chegue a 8,7 bilhões de pessoas, 2,7 bilhões a mais que em 2000. Também citou a modificação nos padrões de consumo – países como a Índia e a China estão consumindo mais carne -, o aumento do preço do dólar, que encarece a cadeia de produção de grãos, e a especulação no mercado financeiro de futuros, por meio do qual os investidores apostam que os preços das commodities vão continuar subindo.

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