A terceira reunião do ano do Comitê de Política Monetária (Copom), que é realizada em duas sessões, começou às 15h. Hoje (15), os chefes de departamentos do Banco Central farão exposições sobre a realidade de cada área e apontarão as respectivas tendências, no Brasil e no exterior.
Amanhã (16), no mesmo horário, os dirigentes do BC que compõem o colegiado do Copom decidirão, com base nas avaliações da véspera, se mantêm a taxa básica de juros (Selic) no atual patamar, de 11,25% ao ano, ou se a aumentam um pouco, de acordo com sinalizações do próprio BC e estimativas semanais de analistas do mercado financeiro.
Tanto o BC quanto instituições financeiras pregam a necessidade de correção da Selic, sob justificativa de que a inflação está acima do centro da meta de 4,5%, definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Nos últimos 12 meses (terminados em março) o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumulou 4,73%, e a perspectiva para este ano aponta inflação ligeiramente acima da meta, em razão de pressão provocada principalmente pelos preços de alguns alimentos.
Essa justificativa é combatida, porém, pela classe empresarial que defende redução da taxa de juros como forma de baratear os empréstimos bancários para investimentos no setor produtivo. O presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, lembra que o aumento de preços dos alimentos está vinculado ao reajuste de produtos agrícolas com cotação internacional, as chamadas commodities. Portanto, segundo ele, a causa momentânea da inflação é externa, e não justifica o aperto monetário interno.
No mesmo sentido, o professor de economia da Universidade de Brasília (UnB), Roberto Piscitelli, diz que o aumento da taxa de juros “só interessa aos bancos e aos rentistas”. Entenda-se como rentista aquele que vive de especulação financeira, tem ojeriza a riscos e não produz crescimento. Na opinião de Piscitelli, qualquer que seja a “calibragem” de elevação da Selic será prejudicial aos investimentos, que geram riquezas e salários, e “não há garantia nenhuma de que contenha o consumo”.