Safra deve atingir recorde de 162,9 milhões de toneladas, diz Conab

A produção nacional de grãos na safra 2010/11, praticamente encerrada, deve alcançar recorde de 162,9 milhões de toneladas. O volume representa aumento de 9,2% em relação à safra anterior (2009/2010), que foi de 149,2 milhões de toneladas, mostra o 12º levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

Em relação ao resultado da pesquisa anterior (161,5 milhões de t), divulgado em agosto, houve aumento de 1,42 milhão t (mais 0,9%). Segundo a Conab, o aumento pode ser atribuído à confirmação da boa produtividade do milho segunda safra. Além disso, a alteração no valor total da safra ocorreu por causa da revisão da área de milho no Nordeste e das áreas de soja subirrigada de Tocantins e de Roraima, que têm calendário semelhante ao do Hemisfério Norte. "Os resultados positivos compensaram a queda do feijão terceira safra e do milho segunda safra na Bahia que, em virtude das adversidades climáticas, apresentam perdas consideráveis", informa a Conab em comunicado.

A área total cultivada no País está estimada em 49,9 milhões de hectares. A projeção é 5,3%, ou 2,5 milhões de hectares, superior à safra passada (47,4 milhões de hectares). O Centro-Sul representa 79% da área plantada de grãos. A região obteve crescimento de 3,3% (1,2 milhão de hectares), passando de 38,1 milhões para 39,4 milhões de hectares, em comparação ao ciclo anterior.

O Sul do país detém 44,9% da área total (17,7 milhões de hectares); o Sudeste, 12,2% (4,7 milhões de hectares) e o Centro-Oeste, 42,9% (16,9 milhões de hectares). As regiões Norte/Nordeste respondem por 21% (10,4 milhões de hectares). No Norte/Nordeste, foi registrado aumento de 13,5% (1,24 milhão de hectares) em relação ao ciclo agrícola anterior. Desse total, a região Nordeste plantou 83,59% (8,7 milhões de hectares) e o Norte, 16,41% (1,7 milhão de hectares).

Clima favorável

As previsões climáticas para o período de setembro a novembro, que indicam maior probabilidade de chuvas acima da média em partes das regiões Centro-Oeste, Sudeste e sul do Nordeste, devem favorecer o avanço do plantio da próxima safra de grãos 2011/12. Segundo os analistas, o clima favorável se deve ao período de neutralidade climática com relação aos fenômenos transitórios El Niño e La Niña.

Na região sul, existe preocupação em relação ao Rio Grande do Sul. A previsão é das chuvas ligeiramente abaixo da média no período, o que deve beneficiar a finalização das culturas de inverno, mas, dependendo da regularidade e da distribuição espacial das precipitações, poderá provocar falta de umidade para a instalação das culturas de verão em algumas áreas, além de água suficiente para completar os mananciais para a irrigação do arroz.

No balanço da safra passada, os técnicos observam que a produção superou significativamente as primeiras previsões, levando em conta que o plantio começou sob a influência do La Niña. "As chuvas, apesar de terem atrasado no Centro-Oeste e terem ocorrido abaixo da média em alguns meses na região Sul, aconteceram na época e na medida certas para o bom desenvolvimento das culturas de verão", dizem eles.

Na região Nordeste, o La Niña contribuiu para a elevação da produtividade, por causa do aumento da média de chuvas. "Mesmo com alguns problemas pontuais, hora por excesso, hora por falta de umidade, as chuvas beneficiaram o desenvolvimento das lavouras. As exceções ocorreram com o milho segunda safra e o feijão terceira safra, no nordeste da Bahia, no centro-leste do Ceará e no sertão e agreste de Alagoas, por falta de chuvas nos meses de maio e junho."

Os técnicos comentam que na região Centro-Sul, mesmo com o atraso no plantio, em virtude das chuvas terem começado mais tarde, e do excesso de chuvas na época da colheita em Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Paraná, a produtividade média das lavouras foi pouco prejudicada. As maiores perdas ocorreram nas culturas de segunda safra (milho e algodão) que foram plantados mais tarde em função do atraso na colheita da soja.

Segundo os técnicos, tanto para o algodão safrinha em Mato Grosso e em Goiás, como para o milho de segunda safra no Centro-Oeste e no Paraná, a redução das chuvas a partir do mês de abril prejudicou o desenvolvimento dos plantios tardios, cujas perdas foram compensadas, em parte, pelo bom desenvolvimento das lavouras plantadas no período ideal. Já no sul do Mato Grosso do Sul e no oeste e norte central do Paraná, foram as geadas do final de junho que causaram mais problemas.

Os técnicos observam, que no mês de agosto, com a safra 2010/11 praticamente consolidada, as chuvas ocorreram significativamente acima da média no extremo sul do Mato Grosso do Sul, em quase todo o Paraná, em Santa Catarina e no norte do Rio Grande do Sul. Eles comentam que o excesso de umidade, associado aos efeitos das geadas ocorridas durante o inverno, prejudicou a qualidade e a produtividade do milho segunda safra em Mato Grosso do Sul e no Paraná.

No mês passado, o trigo e as demais culturas de inverno da metade norte do Rio Grande Sul foram as mais prejudicadas, pois o excesso de umidade e o número de dias com chuva impediram um trabalho mais efetivo no manejo das lavouras, dificultando o controle fitossanitário e a adubação nitrogenada. Na metade sul do Rio Grande do Sul, as precipitações ocorreram abaixo da média e as barragens destinadas à irrigação do arroz ainda não atingiram a capacidade máxima.
 

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