Em abril, o Sebrae irá lançar o Programa de Internacionalização de Micro e Pequenas Empresas, que tem como meta incentivar empresas deste porte a exportar e a se manter de forma sustentável no mercado externo.
Segundo a Agência Sebrae, a idéia é também trabalhar para que a internacionalização esteja presente no cotidiano desses empreendimentos, em tempos em que a competição com empresas vindas de fora acontece não apenas no exterior, mas também dentro do próprio País.
O estudo As Micro e Pequenas Empresas na Exportação Brasileira – Brasil e Estados – 1998-2006, encomendado pelo Sebrae à Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (Funcex) e divulgado na última segunda-feira (10), servirá como instrumento de base para o programa, uma vez que traz informações importantes.
Poucas MPEs exportam
Segundo o levantamento, ainda é baixa a quantidade de empresas de micro e pequeno porte que trabalham com exportações. Menos de 13 mil MPEs exportam, em um universo de aproximadamente três milhões que atuam no mercado brasileiro. "Existem poucas empresas exportando valores relativamente baixos", avalia Fernando Ribeiro, técnico da Funcex.
Ele aponta alguns fatores como responsáveis pela queda das micro e pequenas empresas nas estatísticas de exportação. Um dos principais, segundo ele, relaciona-se ao câmbio, por conta da valorização do real e queda do dólar.
"As micro e pequenas enfrentam mais dificuldades para lidar com a situação cambial. As grandes empresas conseguem se manter exportando mesmo com prejuízo, para não perder mercados, até que o câmbio se torne mais favorável", explica.
Planejamento
O técnico da Funcex lembra ainda que há um grande número de MPEs que desistem de exportar ou o fazem apenas esporadicamente, muitas vezes por conta das turbulências no mercado internacional. "As crises sempre vão existir, só que as grandes empresas realizam um planejamento para administrar e superar esses problemas", aponta. "As micro e pequenas muitas vezes tomam decisões sem planejamento e orientação, o que prejudica a sua gestão", completa.
De acordo com Ribeiro, é importante permitir aos empreendedores o acesso a informações sobre exigências da legislação – em especificações como embalagens, etiquetas, questões ambientais – e a respeito do que busca o consumidor dos países para onde se pretende exportar.
Na avaliação da analista técnica da Unidade de Gestão Estratégica do Sebrae Nacional, Magaly Albuquerque, "é necessário identificar empresas com potencial exportador e apoiá-las, para que possam vender seus produtos".
Realidades regionais
Conforme o estudo encomendado pelo Sebrae, as exportações das micro e pequenas empresas brasileiras se concentram essencialmente nas regiões Sul e Sudeste do Brasil, onde estão quase 95% das MPE exportadoras, que são responsáveis por 82% do valor total vendido pelo segmento no exterior.
Somente São Paulo reúne 47% das empresas de micro e pequeno porte que exportam, seguido do Rio Grande do Sul (16,2%), Minas Gerais (8,6%), Santa Catarina (7,7%), Paraná (7,6%) e Rio de Janeiro (6,2%). O Espírito Santo participa com apenas 1,7% do total. Na região Norte, o estado mais representativo, em termos de vendas externas, é o Pará, com 1,9% do total brasileiro. No Nordeste, por sua vez, destacam-se o Ceará (1,4%) e a Bahia (1,2%).