As vendas de defensivos agrícolas no Brasil deverão crescer entre 5 e 10 por cento neste ano na comparação com 2010, no embalo dos bons preços das commodities agrícolas, previu nesta quarta-feira o sindicato que representa a indústria no Brasil (Sindag).
Esse crescimento ocorrerá após o setor ter registrado em 2010 o seu melhor resultado da história, em dólares.
Dados divulgados nesta quarta-feira pelo Sindag apontaram um crescimento de 9 por cento nas vendas em 2010 ante o ano anterior, para 7,24 bilhões de dólares, superando os níveis recordes registrados em 2008 (7,1 bilhões de dólares).
Em 2009, as vendas de agroquímicos no país totalizaram 6,6 bilhões de dólares.
O Sindag destacou, entretanto, que a receita em reais com as vendas de defensivos no Brasil em 2010 recuou 3 por cento ante 2009, para 12,43 bilhões de reais, por efeito do câmbio e da queda generalizada nos preços destes produtos no país.
"Apesar do resultado negativo em reais, não significa que 2010 tenha sido um ano ruim para a nossa indústria. Ao contrário, foi um ano de recuperação de posições, incluindo a melhora do poder de compra dos agricultores e o avanço no emprego de novas tecnologias no campo…", informou o Sindag em comunicado.
De acordo com os dados da entidade, o segmento de fungicida foi o único que apresentou alta em reais em 2010. O crescimento foi de 5 por cento, impulsionado pela demanda de produtos para o controle da ferrugem asiática da soja. Esse setor movimentou 3,66 bilhões de reais.
Considerando os valores em dólar, houve crescimento nas principais classes de defensivos: fungicidas, aumento de 19 por cento; inseticidas, com 10 por cento a mais; e herbicidas, com 2 por cento.
PRINCIPAIS MERCADOS
"Pelo 7o ano consecutivo, Mato Grosso é o Estado que mais consome tecnologia do país", observou Eduardo Daher, o diretor executivo da Associação Nacional para a Defesa Vegetal (Andef), ao detalhar os dados do setor durante evento em São Paulo.
O bom desempenho da soja garantiu o bom volume de vendas em Mato Grosso, maior produtor de soja no Brasil, que detém uma fatia de 20 por cento sobre o faturamento total, e no Paraná, com 15 por cento.
Em São Paulo, que vem em terceiro lugar no ranking, com 14 por cento de participação, foi o cenário positivo para o setor sucroalcooleiro que impulsionou as vendas. Mas os ganhos no algodão e café também contribuíram para o incremento da receita no setor.
"Para 2011, projetamos a continuidade do cenário de melhoria no setor, especialmente com a alta dos preços de commodities agrícolas, que leva o agricultor a investir no pacote de insumos", disse João Sereno Lammel, presidente do conselho diretor da Andef.
COMPETITIVIDADE
O vice-presidente do conselho da Andef, Eduardo Leduc, observou que as empresas brasileiras enfrentam um cenário altamente competitivo.
"A indústria já vem enfrentando um aumento de custos em dólar, com a alta do petróleo e de algumas matérias-primas. O setor está passando por um achatamento das margens", ressaltou Leduc.
Segundo ele, o que se vê atualmente é um crescimento das importações de produtos finais, ou já formulados, cada vez maior, sobretudo da Índia e da China. "Praticamente não há estímulo e não é vantajoso para a indústria sintetizar ingredientes ativos no Brasil ou formular o produto. Hoje se briga para manter fábricas aqui", afirmou Leduc.