"Mais uma vez, a política de juros foi utilizada para combater suspiros inflacionários de qualquer natureza, independentemente dos prejuízos para o estímulo aos investimentos, para a produção, para as exportações e para a gestão da dívida pública. No Brasil, sempre que a inflação gira em torno da meta, só há uma certeza: os juros sobem e o País se mantém como campeão mundial de juros", afirmou a Associação Brasileira da Infra-estrutura e da Indústria de Base (Abdib), em nota. A entidade conclui: " Por isso, a decisão unânime de elevar em 0,5 ponto porcentual a taxa Selic só pode ser reprovada."
Para a Abdib, as autoridades monetárias precisam adotar alternativas para o controle inflacionário. Segundo a associação, a política dos "maiores juros do mundo" pode ser substituída pela desoneração completa dos investimentos como forma de estimular a ampliação da capacidade instalada, tanto na indústria quanto na infra-estrutura. "Outra forma é a melhoria na gestão do gasto público. Na contramão do Brasil, as principais economias mundiais reduzem o juro como forma de impulsionar a competitividade e o investimento".
No início da semana, a entidade havia divulgado um documento contra o aumento dos juros básicos da economia. Na nota distribuída hoje sobre a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) de ontem à noite (o Copom elevou a taxa Selic em 0,5 ponto porcentual, para 11,75% ao ano), a Abdib afirmou que "o controle da inflação virou desculpa para aumentar a taxa Selic. O aumento dos juros será pouco eficiente para combater o tipo de inflação verificada no Brasil no atual momento. A elevação dos preços no mercado interno tem origem no preço praticado na comercialização de commodities internacionais – desta vez as agrícolas. É bastante provável que a elevação atual dos juros crie restrição à demanda por outros bens que não aqueles que são os verdadeiros responsáveis pelos atuais repiques de inflação."