Apesar de elogiarem a nova política industrial, representantes do setor produtivo cobraram ajustes na política econômica do governo e destacaram a necessidade de acompanhar a execução das medidas anunciadas ontem (12) pelo governo federal. Além da redução de impostos e de incentivos para a concessão de financiamentos pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), as entidades pediram a redução dos juros e um dólar mais forte para impulsionar a produção industrial.
Em nota oficial, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) informou que a nova política tem foco e põe o desenvolvimento da indústria no centro do país. “Durante muitos anos, prevaleceu a idéia de que bastava criar um ambiente macroeconômico adequado e o resto era remetido à vontade dos agentes econômicos”, apontou a entidade.
A CNI, no entanto, reivindicou a redução de gastos do governo para conter a alta dos juros e impedir que as medidas de incentivo à indústria e às exportações não surtam efeito. “O êxito das medidas depende de um ajuste fiscal [corte de gastos públicos] que retire da política monetária [definição da taxa de juros] todo o ônus da estabilidade econômica”.
O comunicado também ressaltou a necessidade de reformas constitucionais para retirar os principais entraves para o desenvolvimento do setor produtivo. “A manutenção do alto ritmo de crescimento exige a aprovação de reformas estruturais, como a modernização do sistema tributário”, observou a CNI.
A reação é parecida com a do governador de São Paulo, José Serra. Logo após o lançamento da política, no Rio de Janeiro, ele classificou os incentivos do plano industrial como “fortes e poderosos”, mas pediu compromisso do governo em garantir superávit fiscal sem aumento dos juros. Segundo ele, isso é possível porque as receitas do governo federal estão aumentando em ritmo superior ao crescimento da economia.
A Associação Brasileira da Infra-Estrutura e Indústrias de Base (Abdib) considerou que o governo acertou na escolha dos 25 setores beneficiados e elogiou as diretrizes da nova política industrial. Segundo a entidade, o governo agora deve se preocupar em monitorar a evolução das ações anunciadas.
“O desafio, de agora em diante, será conseguir instituir um modelo de gestão e controle centralizado e ágil para acompanhar a implementação e o cumprimento das metas listadas, que dependerão de 35 órgãos e instituições públicas”, ressaltou o comunicado da Abdib. O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Miguel Jorge, informou que a Casa Civil criará um comitê gestor para coordenar a Política de Desenvolvimento Produtivo.
O presidente da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, avaliou com maior cuidado a nova política. Ele disse que ainda é necessário examinar as medidas, antes de emitir qualquer opinião. “Existem coisas positivas no caminho da desoneração e da agilização. Então, nós devemos apoiar essas medidas, porém, vamos ver como essas teorias vão se comportar na prática”, alegou Skaf.