O setor sucroalcooleiro foi o vilão e o mocinho da geração de empregos formais no país no mês de abril. As demissões pós-safra nos estados de Pernambuco e Alagoas se somaram às contratações nas regiões Sul, Sudeste e Centro-oeste. O saldo registrado pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho e Emprego foi uma queda de 7.469 vagas em relação a abril do ano passado, num total de 294.522 novas vagas com carteira assinada.
“A indústria sucroalcooleira antecipou as contratações em janeiro e fevereiro. Com a entressafra nessa regiões, houve a demissão dessas contratações antecipadas e isso deu um efeito no número nacional, já que tivemos 25 estados da federação com números fortes e positivos”, comentou o ministro do Trabalho, Carlos Lupi.
No total, Alagoas perdeu 10.416 postos de trabalho e Pernambuco, 4.029 – únicas regiões do país com desempenho negativo no mês. Em contrapartida, apenas o cultivo de cana-de-açúcar representou 24.753 novas contratações no estado de São Paulo, 3.360 vagas no Paraná, 2.582 postos de trabalho no Mato Grosso e 2.083 em Minas Gerais.
Somados a outros cultivos em diferentes regiões, a agropecuária gerou 38.627 empregos formais no mês de abril, pouco menos que os 41.227 postos criados pelo setor em abril do ano passado. No acumulado do ano, o setor abriu 87.343 novas vagas.
Mas foi o setor de serviços que mais contribuiu para a contratação de novos assalariados com carteira assinada no mês passado. Segundo o Caged, o segmento respondeu pela geração de 97.426 novos postos de trabalho, saldo recorde para o período e 0,84% acima de abril de 2007. Os ramos que mais contribuíram para o resultado foram serviços de comércio e de administração de imóveis (35.073), serviços de alojamento, alimentação, reparação e manutenção (23.992) e serviços de transportes e comunicação (18.522).
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O segundo melhor resultado do mês de abril ficou com a indústria de transformação, responsável por 82.740 novos empregos formais – bem abaixo dos 103.763 registrados no mesmo mês em 2007.
Mais da metade (46.354 vagas) foram na indústria de produtos alimentícios, mais uma vez devido às atividades relacionadas às usinas de açúcar e à produção de álcool. De acordo com o ministro Carlos Lupi, a queda na comparação com 2007, porém, também se deve às demissões da indústria sucroalcooleira, reflexo das demissões pós-colheita.
Outro reflexo da produção de álcool e a açúcar é a inversão da tendência de maior geração de emprego nas regiões metropolitanas. Em abril, foram criados 89.724 empregos formais nas nove regiões metropolitanas analisadas pelo Caged. Nos municípios do interior, o número de novos postos de trabalho chegou a 151.837, com destaque para o interior dos estados de São Paulo (101.472), Minas Gerais (24.153 e Paraná ( 19.034).
Ainda na análise setorial, o comércio gerou 34.733 postos em abril contra 36.899 no mesmo mês em 2007. Na contramão dos demais setores, a construção civil criou mais vagas do que no mesmo período do ano passado: 32.071 contra 30.887. A administração pública e o setor extrativo mineral registraram desempenho recorde para o período – 5.251 empregos formais e 2.068, respectivamente.