Julie Goldchmit, autora de Imperfeitos, compartilha dicas para integrar PCDs no ambiente de trabalho
Estamos no Abril Azul, campanha instituída pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2007 com o objetivo conscientizar sobre o Transtorno do Espectro Autista (TEA), diminuir barreiras e minimizar preconceitos. Durante todo o mês, ações acontecem a fim de democratizar informação sobre o tema e possibilitar a inclusão de pessoas com TEA em diferentes setores da sociedade, como o mercado de trabalho.
No país, autistas integram o grupo dos PCDs (Pessoas com Deficiência), 45,6 milhões de brasileiros que possuem algum tipo de deficiência física, mental ou múltipla, de acordo com dados do IBGE. Parte dessa população é economicamente ativa e apta para o trabalho, mas carece de oportunidades que desenvolvam suas habilidades profissionais. “Todos nós somos diferentes e únicos no nosso jeito de ser e você é lembrado pelas suas características e ações, o que é importante”, compartilha Julie Goldchmit, assistente de marketing da Unilever, portadora do TEA e autora de Imperfeitos: Um relato íntimo de como a inclusão e a diversidade podem transformar vidas e impactar o mercado de trabalho (Maquinaria Editorial).
O livro aborda a importância e os benefícios da inclusão de PCDs para as empresas e sociedade e os desafios para conseguir oportunidades nessa área. A pesquisa da Korn Ferry Hay Group revelou que colaboradores que estão inseridos em um ambiente inclusivo são 17% mais engajados, motivados e dispostos a fazer mais do que suas obrigações, além de conflitos entre funcionários serem reduzidos pela metade. “Em uma organização, em que o dia a dia é voltado para metas e prazos, ter uma pessoa que conversa de forma espontânea como a minha e que reúne pessoas de várias posições hierárquicas torna o clima mais leve e empático”, completa Julie.
Embaixadora da inclusão onde trabalha, Julie Goldchmit revela 5 maneiras de como empresas podem se tornar mais diversas, gerando inovação no ambiente de trabalho. Confira:
1 – Reconhecer, respeitar e valorizar as diferenças entre as pessoas
Incluir pessoas com deficiência no mercado de trabalho tende a contribuir para eliminar a discriminação. A presença de pessoas com deficiência deixa ainda mais evidente os preconceitos e barreiras arquitetônicas, comunicacionais, tecnológicas, metodológicas e atitudinais existentes no ambiente corporativo, gerando debates e incentivando melhorias nesses espaços. Além disso, também ajuda a desmistificar a mentalidade de que uma pessoa com deficiência não é capaz de trabalhar.
2 – Acolher a diversidade de forma permanente
Não adianta apenas abrir vagas, é necessário que as empresas realmente ofereçam um ambiente saudável para o crescimento profissional. PCDs não querem apenas entrar nas empresas… assim como qualquer outro funcionário, almejam oportunidades, promoções e desenvolvimento dentro desse emprego. Programas de cooperação desenvolvem habilidades e o reconhecimento precisa acontecer, através do alavancamento de carreira dentro das corporações.
3- Garantir que todos possam ter as mesmas oportunidades e condições de desenvolvimento
O primeiro ponto de atenção é conhecer a fundo as práticas inclusivas que ajudam a proporcionar ambientes de trabalho mais acolhedores. Também é primordial que as empresas tenham um núcleo de inclusão, uma área que saiba olhar a pessoa de forma integral, enxergando suas habilidades e adaptando, quando houver necessidade, processos e atividades que serão realizadas pela pessoa com deficiência. As empresas precisam mapear todas as barreiras e removê-las, tornando o cotidiano corporativo um ambiente propício para a produtividade e o crescimento profissional.
4 – Ter líderes treinados e que promovem o respeito ao próximo
Um dos desafios da gestão, principalmente na promoção da inclusão e diversidade, é ter líderes preparados para gerenciar conflitos e opiniões controversas, que tenham uma comunicação clara que seja entendida por todos e que dediquem seu tempo a ensinar e orientar aqueles que têm dificuldade. Líderes que observam a necessidade de cada profissional, valorizam e reconhecem suas habilidades, acompanham o dia a dia desse colaborador e extraem o melhor dele.
5 – Rever processos de recrutamento e seleção
Não basta oferecer a vaga, é necessário que as empresas tenham consciência de inclusão e de como isso vai impactar positivamente suas rotinas. O setor de recrutamento e seleção precisa encarar a contratação desses colaboradores como oportunidade de encontrar várias respostas para uma mesma pergunta, soluções e ideias novas, baseada em vivências e visões de mundo diferentes, que contribuem significativamente na hora de tomar decisões, resolver dilemas e inovar um produto ou serviço.