De vice-presidente de multinacional a CEO de startup: o que este executivo aprendeu na Embraer e hoje aplica em uma empresa de tecnologia

Antes de assumir a liderança da Idea Maker, Jorge Ramos (foto em destaque) trabalhou por 35 anos em uma das maiores empresas aeroespaciais do mundo 

O futuro é, por natureza, incerto e com grande frequência somos expostos à mudança drástica de curso. Eu considero que planejar prazos longos para uma carreira traz somente uma certeza: a frustração”, é o que acredita Jorge Ramos, CEO da Idea Maker, referência em tecnologia que idealiza soluções digitais voltadas para meios de pagamento, filantropia premiável e sorteios. O executivo assumiu a liderança da empresa em 2020, aos 60 anos, após trabalhar por mais de três décadas na Embraeruma das maiores empresas aeroespaciais do mundo.

Na multinacional, passou por diferentes cargos e desafios. Mas tudo começou com uma paixão. “Sempre fui fascinado por eletrônica, pois ela é uma entidade invisível que juntando peças diminutas consegue criar funcionalidades incríveis”, conta. No entanto, o início da carreira foi marcado por frustrações. Após nove anos dedicados ao estudo técnico e à engenharia, deparou-se com a escassez de oportunidades na área. Foi então que decidiu mudar para o setor de software, em busca da realização profissional que tanto almejava.

“Eu tinha o desejo de seguir na área de pesquisa, até que, no início da minha dissertação de mestrado, surgiu uma oportunidade única: participar do desenvolvimento do software embarcado do avião AMX, da Embraer, um conglomerado transnacional brasileiro que fabrica aviões comerciais, executivos, agrícolas e militares. Naquela época, nos anos 80, era um desafio fascinante, considerando as limitações tecnológicas e as complexas funcionalidades que queríamos implementar”, relembra Ramos, que é formado em Engenharia Eletrônica pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) e possui pós-graduação em Sistemas Analógicos e Digitais com foco no Desenvolvimento de Software pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).

Essa fase da carreira durou seis anos e meio. Com a crise da Embraer no final da década, surgiu uma nova oportunidade na área de gestão, liderando um pequeno grupo de engenheiros na divisão de sistemas aerostáticos. “Nessa oportunidade, fui desenvolvendo, de forma intuitiva, o hábito de sempre avaliar possíveis cenários futuros e de me preparar para explorar as oportunidades que poderiam surgir. Fazia cursos, lia periódicos sobre tecnologia em áreas que me interessavam (na época, o WWW ainda não existia)”, destaca o hoje CEO da Idea Maker.

Ao longo da carreira, a cada cinco anos, foi assumindo novas funções dentro da multinacionalem cargos de gestão de produtos em diferentes escalas. Durante sete anos, liderou o desenvolvimento de novas tecnologias. Ao completar 30 anos de formação, foi convidado a assumir a posição de CEO da Atech, uma empresa brasileira especializada em sistemas tecnológicos e pertencente ao grupo Embraer.

“Foi nessa fase que consolidei minha formação em gestão e governança, assumindo o comando completo de um negócio com autonomia. Pude, finalmente, sentir o prazer de cada conquista — desde a assinatura de novos contratos até as entregas para os clientes — e fazer o faturamento crescer, garantindo uma margem líquida de dois dígitos”, conta o executivo.

Na Atech, foram dois anos e meio de descobertas e de uma nova satisfação em alcançar diferentes tipos de realização. Mas o caminho não parou aí. Logo depois, recebeu um convite da Embraer para assumir o cargo de “Country President” para a Europa, Oriente Médio e África — uma posição de liderança institucional em uma região que abrange cerca de 120 países. Aceitou o desafio e dedicou-se a aprimorar sua formação em gestão corporativa, visando contribuir de forma mais eficaz nos conselhos de empresas do grupo e do setor.

“Ao me aproximar dos 60 anos, novas oportunidades surgiram em direções inesperadas. Em 2020, com a reestruturação do grupo e os desafios da pandemia, retornei ao Brasil, me aposentei e passei a atuar como consultor voltado à governança corporativa em empresas familiares. Assumi meu primeiro contrato para estabelecer a governança de uma startup e lançar seu banco digital. O trabalho se expandiu, envolvendo a criação da estrutura corporativa completa e a implementação de uma governança e uma cultura que garantisse a sustentabilidade da empresa, a Idea Maker. Com isso, os acionistas me convidaram para assumir o cargo de Presidente do Conselho e CEO, posição que ocupo atualmente”, explica.

Nos últimos anos, usou a experiência adquirida na multinacional para levar a startup a um crescimento sustentável e consistente. Liderada por Jorge Ramos, a Idea Maker alcançou a marca de mais de 4 milhões de downloads em seus mais de 20 aplicativos, contando com mais de 10 milhões de usuários cadastrados e R$ 500 milhões transacionados ao longo do último ano. Recentemente, também recebeu autorização do Banco Central para operar como  Instituição de Pagamento. Agora, a meta é superar R$ 1 bilhão em transações ainda este ano.

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