Um novo estudo do IMD, uma das principais escolas de negócios do mundo, alertou que a maior economia da América Latina está perdendo sua capacidade de desenvolver, atrair e reter os talentos necessários para servir ao mundo dos negócios. O mais recente Ranking Global de Talentos mostra que o Brasil caiu para o 57º lugar em um ranking que avalia a capacidade dos países de atender às necessidades corporativas.
O relatório representa uma avaliação anual da eficácia das nações em gerar e reter talentos para as empresas que atuam em suas economias. A classificação é baseada nos 20 anos de dados relacionados a competitividade, incluindo uma pesquisa em profundidade com mais de 4.000 executivos em 61 países.
Seus autores dizem que o Brasil, que apareceu em 52º em 2014 e que agora está a apenas quatro lugares do último colocado, tem registrado quedas em vários indicadores relevantes de desempenho.
O professor Arturo Bris, diretor do Centro de Competitividade Mundial do IMD e responsável pelo estudo, comenta: “Poder econômico puro e talento nem sempre andam lado a lado. O atributo chave entre todos os países que estão no topo é a agilidade, demonstrada principalmente pela capacidade de moldar políticas que preservem seu banco de talentos”.
Nesse sentido ele acredita que, talvez compreensivelmente, o Brasil e outras economias latinas ainda são deficientes em comparação com países desenvolvidos. Bris afirma ainda que “o que deve ser de interesse particular para o Brasil é que a situação parece estar se deteriorando, em vez de melhorar. É dispensável dizer que esta tendência tem de ser revertida”.
A pesquisa foca em três categorias principais – investimento/desenvolvimento, atração e prontidão – que, por sua vez, são derivadas de uma gama muito mais ampla de fatores, tais como educação, aprendizagem, treinamento de funcionários, fuga de capital humano, custo de vida, motivação dos colaboradores, qualidade de vida, competências linguísticas, remuneração, taxas e impostos.
As principais categorias são agregadas em um ranking global. Além disso, a evolução de cada país nos vários aspectos é avaliada ao longo de uma década – neste caso, 2005-2015 – para identificar as economias mais competitivas e com mais talentos.
A pontuação do Brasil atingiu o pico em 2005, quando alcançou a 28ª posição. Desde então, a pesquisa demonstra uma “queda particularmente acentuada” em uma série de critérios.
Outras economias latino-americanas também patinam, como Chile em 43º, México 49º, Colômbia em 50º, Argentina em 53º, Peru e Venezuela em 59º e 60º, respectivamente. Embora México, Chile, Argentina e Colômbia tenham melhorado um pouco este ano, todos os outros estão posicionados no terço inferior da tabela.
Várias grandes economias também registraram resultados decepcionantes, como os EUA em 14º lugar, o Reino Unido em 21º, a França em 27º e a China, ainda mais abaixo, na 40ª posição.
A Suíça lidera o ranking pelo segundo ano consecutivo, seguida por Dinamarca, Luxemburgo, Noruega, Países Baixos, Finlândia, Alemanha, Canadá, Bélgica e Cingapura. Bris avalia que “esses países conseguem um positivo equilíbrio entre incentivar talentos locais e atrair grandes talentos de outros países”.