Estar apaixonado por uma ideia pode ser o primeiro grande erro na hora de empreender. A paixão traz emoção e apego ao negócio, o que pode te impedir de aceitar qualquer sinal ou aviso de que está no caminho errado. Foi assim que eu fali minha primeira empresa. E sem querer repetir o velho discurso positivo de que é errando que se aprende, já que nessa experiência gastei um ano de trabalho e R$ 50 mil investidos do meu bolso, eu digo: se aprende, e muito, mas com certeza é melhor aprender antes de falir.
Mas falindo ou não, nós erramos. O fracasso é o maior professor quando estamos começando e queremos trabalhar com inovação e criatividade. Inclusive, o caminho do fracasso é comum. Um levantamento do Sebrae aponta que em média 10% das empresas brasileiras fecham por ano, cerca de 600 mil negócios. O dado pode fazer você perceber que está no mesmo barco que milhares de outros brasileiros, mas o que toda essa gente erra em comum?
Com certeza o meu erro foi entrar no setor de construção civil, um mercado em crescimento, sem conhecer a área e suas necessidades. Eu queria lançar uma solução para construtoras divulgarem seus imóveis pela internet, em uma época que o mercado não tinha interesse pelo setor tecnológico como hoje. Isso me levou a criar uma solução para um problema que não existia.
Fica a percepção de que não fazemos nada bem sem entender de verdade nossos clientes, seus potenciais e também seus problemas. Se apaixone pelo problema, é esse que você deve resolver, e nunca pela solução. Gosto de pensar que temos que trabalhar com experimentos rápidos, para fracassar de maneira rápida e logo corrigir com o aprendizado.
Por mais que fracassar seja um grande saco, com perdão da palavra, é um erro condenar tão fortemente o fracasso e incentivar as pessoas a não cometerem riscos. A escolha é sempre sua em não se arriscar, mas saiba que isso vai completamente contra qualquer princípio do empreendedorismo. Sem risco, dificilmente há sucesso.
Flávio Steffens é sócio e diretor de relacionamento do site Vakinha. Empreendedor, professor de pós-graduação e mentor de startups, também é co-organizador da FailCon Brasil, onde debate e desmistifica o fracasso.