Educação complementar para médicos e dentistas vira foco de startups

Demanda por formação adequado para o mercado encontra cada vez mais suporte na área da inovação e apresenta leque de oportunidade para profissionais da saúde

A educação formal na área de saúde tem se mostrado insuficiente diante das necessidades impostas pelo mercado. Nos últimos anos, essa insuficiência transformou-se em oportunidade de negócios para empresas especializadas na formação complementar de médicos, dentistas e outros profissionais do segmento. Vale frisar que não estamos falando apenas de formação acadêmica, técnica, mas principalmente de educação complementar – até porque um dos hiatos preenchidos por esses modelos de negócios nasce exatamente na incompletude ou insuficiência das faculdades na preparação dos profissionais para o mercado, ou seja, para o que vem depois da formatura no Ensino Superior.

Inúmeros fatores fazem parte do mundo do trabalho e do empreendedorismo na área de saúde – você já parou para pensar que um profissional que mantém um consultório individual é um empresário? E muitas dessas questões não fazem parte da formação curricular. Em geral, temas como contabilidade, impostos, legislações, finanças, marketing e gestão são apenas tangenciados – ou totalmente ignorados – pelas faculdades da área da saúde. O resultado é uma avalanche anual de novos profissionais lançados no mercado sem a mínima ideia de como atrair pacientes e administrar um consultório.

Nessa esteira, várias empresas vêm crescendo, ao oferecerem soluções para médicos, dentistas, nutricionistas e outras categorias profissionais. Alguns exemplos:

Smile University: Fundada em 2018 é uma escola de empreendedorismo, marketing digital, gestão e negócios para profissionais de saúde, que tem como objetivo oferecer a dentistas, médicos e outros profissionais habilidades e conhecimentos não ensinados na faculdade. Hoje, a Smile University conta com mais de 500 alunos matriculados. Com quatro módulos e mensalidades que variam de R$ 1 mil até R$ 3,6 mil, a empresa dobrou de tamanho nos últimos dois anos. Em 2022, faturou R$ 6,5 milhões e pretende fechar 2023 com receita de R$ 12 milhões.

MedCof: Atua como curso preparatório para os processos de residência e titulação médica, assim como a concorrente Medcel, em um nicho que já atraiu gigantes como Yduqs e que também é disputado por startups como Medway e Sanar. Recentemente, a MedCof recebeu aporte da Wiser Educação, a holding de Flávio Augusto da Silva, fundador da rede de idiomas Wise Up.

Mitfokus: é uma fintech com atuação voltada à gestão contábil, tributária e financeira de profissionais da área médica.

Academia Saúde Mais Ação: se propõe a auxiliar os médicos a transformarem seus consultórios em negócios de sucesso, com faturamento crescente, gerando independência financeira e mais tempo livre para os profissionais.

Além das empresas que lucram com a educação complementar, não se pode ignorar que o ensino na área médica também atrai empresas focadas em cursos de graduação. Um destaque no setor é a Afya, que em quatro anos se tornou o maior grupo educacional de medicina do País. Desde 2019, a empresa adicionou 1.711 vagas de graduação, chegando a 3.163, atingindo um Ebitda de R$ 961,9 milhões.

O salto foi motivado por um IPO (oferta inicial pública de ações) realizado na Nasdaq, nos Estados Unidos, em 2019, pela compra do controle acionário pelo grupo alemão Bertelsmann, que hoje detém 41,5% das ações e por uma estratégia de aquisições. Foram 30 desde 2017, que vão de faculdades e instituições de educação continuada até healthtechs.

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