Ajuste mental

Você já ouviu falar da expressão `inércia da percepção’ ? Ela significa que você não está enxergando a realidade como ela é, e sim uma realidade que já passou. Em palavras bem simples: o mundo avançou e você ficou para trás. Este fenômeno mental é bem fácil de ser identificado quando da vinda de uma nova geração combinado com uma nova onda de tecnologia. Se você não aderiu ao uso das redes sociais, ou ainda insiste em se comunicar com os amigos e parentes sempre por telefone ou em reuniões presenciais, ao invés da moderna forma de comunicação do aplicativo WhatsApp, por exemplo, você certamente está sofrendo de `inércia da percepção`.

E como isso afeta o mundo da micro e pequena empresa? De todas as formas possíveis. O início de cada empresa sempre acontece de forma simples. Pouco capital, alguns clientes, poucos fornecedores, concorrentes que se pode contar nos dedos de uma só mão, o empresário tocando sozinho todas as funções. Sabe de memória tudo o que é necessário fazer. Corre para atender os pedidos de última hora dos clientes e também corre para pagar as faturas no banco. Enfim, é um “pau para toda a obra”. Acontece que o tempo passa, a empresa cresce, tem vários empregados, uma carteira de clientes que ele já não conhece de cabeça, a concorrência dramaticamente aumentada e, no final de cada mês, o empreendedor descobre que quanto mais ele trabalha, menos dinheiro sobra no caixa.

Por que isso acontece? Provavelmente, devido à `inércia da percepção`. O empreendedor não percebeu que ele deveria ter evoluído do papel de `pau para toda obra`, para o papel de Presidente da sua própria empresa. Nesse novo papel deveria aprender a liderar a equipe de funcionários, a delegar funções e responsabilidades, a desenvolver futuros líderes, motivar a todos para que cada um dê o melhor de si para construir um futuro cada vez melhor para a organização. Aprender a se concentrar e gerenciar a partir dos resultados e não ser tragado pelo sufoco do dia a dia da operação.

Isso é muitíssimo comum de ver em nossos atendimentos. Empresários que chegam a nós cansados por terem trabalhado uma vida inteira, às vezes, dez, quinze e vinte anos e com um estado mental igual a quando começaram: “pau para toda a obra”. E isto, dito por eles próprios. Só que agora, sem o gás necessário, sem a motivação, sem reservas financeiras para sustentar ou expandir a operação, sem entender o que aconteceu e, às vezes, buscando uma solução mágica quando não, pensando em desistir completamente da operação, sentindo-se totalmente fracassados.

Ao atender uma dessas clientes, um consultor de nossa equipe sugeriu que ela pegasse sua pasta, botasse o pé no mercado e fosse visitar clientes. Sugeriu também que se desligasse da operação e fosse viajar. Que revisse a equipe, o mix de produto e o ponto comercial no qual ela estava estabelecida.

Passaram-se dois anos, a mesma cliente entrou porta adentro dizendo que estava com problemas e que queria uma solução, mas não queria mudar a equipe, nem de ponto e queria uma solução própria para ela e não algo genérico. Relembrada do atendimento de dois anos atrás, relatou que o consultor não tinha entendido a sua necessidade. Ficou indignada com suas recomendações, e não fez coisa alguma que ele tinha apontado.

Perguntei: como está o faturamento? Respondeu que estava igual a dois anos atrás. Como estão os custos? Está igual! Como está o mix de produto? Informou que investiu trezentos mil reais em um novo mix de produtos, mas que não estava vendo o retorno desse investimento. Perguntei: quem são seus clientes? Não soube responder. Admitiu que, de fato, não sabia mais quem eram os seus clientes. Fiz com ela o seguinte teste: responda qual o próximo número da seguinte seqüência de números: 1, 3, 5, 7,… Entusiasmada respondeu, acertadamente, que o número era nove. Pedi, então, que dissesse qual seria o próximo número dessa outra seqüência: 1, 3, 9, 81,… Ela titubeou, gaguejou e, acertadamente, respondeu que era duzentos e quarenta e três. Perguntei, qual o próximo? Ela pensou, pensou e desistiu.

Nesse momento, a fiz perceber que os negócios haviam evoluídos e se tornado complexos, como complexa é uma progressão geométrica (1, 3, 9,…). No entanto, ela ainda enxergava e administrava a empresa como em seu início, onde as coisas eram simples, como simples é uma progressão aritmética (1, 3, 5, …).

A recomendação do consultor para pôr o pé no mercado foi para que prestasse atenção e se atualizasse nas novas necessidades dos clientes. Quando recomendou que viajasse pelo mundo, sua intenção era que visse as tendências globais e as adaptasse para o seu negócio local. Ela, então, concluiu que tinha ficado para trás.

Em outras palavra, estava sofrendo do problema da `inércia da percepção`. Precisava, urgente, de um ajuste mental. Deixar de ser ‘pau para toda a obra’ e tornar-se o Presidente que sua empresa precisava.

Perguntou-me, então, como poderia superar isso? Informei que não era simples, e que, normalmente, a solução tem que vir de fora para dentro. Deveria fazer como pais e avós com mentes abertas, que se deixam atualizar pelas modernidades trazidas pelos filhos adolescentes e pelos netos.

No entanto, no mundo empresarial, deveria buscar o apoio de mentorias, ou coaching ou conselhos de administração, como oferecidos pelo Método do Presidente. Eles emprestarão força e disciplina para essa realização.

Pense grande. Faça o necessário ajuste mental empresarial e avance em suas conquistas!

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