Com amor e coragem

Certa vez, fui questionado sobre qual seria a principal alavanca do verdadeiro empreendedor. Sem  pestanejar, respondi: a “CORAGEM”.

Em seguida, meu interlocutor voltou à carga, com uma nova pergunta:

– Mas, Marcelo, é natural que tenhamos receios e inseguranças diante de uma situação nova e desafiadora. Como um empreendedor pode desenvolver essa coragem?

Novamente, sem precisar refletir muito, disparei a resposta:

– Ele terá coragem se for capaz de AMAR, pois o tamanho da coragem corresponde ao tamanho do amor que habita seu coração.

Você, leitor, deve estar ruminando a dúvida. Correto? Pois, então, recorro a uma situação dramática para ilustrar meu pensamento.

Imagine as pessoas que você mais AMA neste mundo. É bem provável que pense em seus pais ou em seus filhos.

Então, numa noite sombria, sua casa é invadida. Você ouve ruídos e desce até a sala. Lá, encontra um psicopata prestes a disparar contra seus entes queridos.

Ora, nessa situação, muitos de nós agimos de modo automático, sem pensar. Pulamos sobre o meliante ou, se necessário, usamos nosso corpo como escudo para proteger nossos familiares.

Esse salto rumo ao perigo não tem qualquer relação com planejamento, estudo, estratégia ou conhecimento. Tem a ver exclusivamente com coragem. E o que pode motivá-la senão o amor que existe em seu coração?

Para o empreendedor, a coragem está intimamente associada ao amor que desenvolve por sua criação.

Às vezes, perguntamo-nos se fulano estava fora do juízo ao vender carro, casa e sítio para tentar salvar uma empresa fadada ao fracasso.

E, muitas vezes, essa interrogação embute uma teoria correta. As pessoas podem realmente enlouquecer e praticar os atos mais insanos para proteger e manter aquilo que amam.

Coragem, ousadia e amor marcaram grandes empreendimentos, como o de Santos Dumont, inventor do avião; o de Henry Ford, na produção em série de automóveis; ou o de Steve Jobs, na construção de um novo paradigma de inovação tecnológica.

Em minha história de empreendedor, que dura mais de 23 anos, já enfrentei inúmeros desafios. Diante dos olhos alheios, minha obstinação foi classificada como insanidade, atrevimento ou irracionalidade.

– Ah, nunca será! – proclamou um, convicto.

– Jamais conseguirá – anunciou outro, tão cético quanto ciumento.

E, confesso que a descrença me fez ainda mais determinado. Lançou mais adrenalina na corrente sanguínea.

Hoje, compreendo que esse amor pela “cria” não se limita ao brand, à sede requintada, ao negócio em si. Esse amor está centrado principalmente nas pessoas que fazem esse sonho acontecer, dia após dia.

Se existe uma companhia viva, existe um compartilhamento, uma junção de interesses humanos combinados que gera as ideias, os produtos e, como resultado disso tudo, o lucro.

Quando falamos de amor no ambiente corporativo, há sempre quem nos aponte um dedo invisível e lance a condenação: “mas que demagogo, hipócrita, falso, marqueteiro; ele só quer é ganhar dinheiro”.

E é natural, pois parte da cultura do empreendimento foi, de fato, contaminada pela mentira, pela ganância e pela fraude. Basta ver a ciranda da crise financeira internacional, movida por gente sem ética, que negocia ativos sem lastro.

No entanto, ainda existem muitos empreendedores de verdade, que pensam, planejam, transformam, criam, modificam, ajustam, aprimoram e buscam fazer um mundo melhor.

Estes “malucos” são apaixonados pelo que fazem e também pelas pessoas que participam de suas aventuras. Estes amam até o fim.

Pois o amor protege, o amor constrói, o amor enraíza, o amor mantém, o amor perpetua, o amor auxilia, o amor apoia, o amor entrega sem cobrar, o amor une, o amor satisfaz, o amor acolhe, o AMOR VENCE!

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