Dei um pulo no futuro, e ele é melhor do que imaginamos: uma visita ao Vale do Silício

Sempre tive, cá para mim, o entendimento de que a nossa intuição não deve ser desrespeitada. Aquela voz que, em meio à correria do dia a dia, às vezes sussurra para que façamos algo que parece contraditório, improvável. Essa voz soou para mim há alguns meses, quando eu estava em meio a um intenso processo de negociação aqui na empresa, viajando sem parar.Uma voz dentro de mim dizia que era hora de conhecer o Vale do Silício. Tomei a decisão, arrumei as malas e fui. E não poderia ter tomado decisão melhor.

Naquele momento, fui convidado a passar uma semana no Vale do Silício, na companhia de um grupo muito inspirador. E por mais que a minha agenda gritasse: “impossível, mande alguém do seu time!”, a intuição estava lá, falando baixinho, mas convincente: “vai, porque algo muito diferente te espera”.

Resolvi ir. Seria a minha primeira visita ao Vale. O convite tinha vindo da KES Trek, aquela plataforma de conteúdo de inovação baseada em criatividade, tecnologia e comportamento. Iríamos em um grupo grande, com pessoas de empresas que estão instaladas por lá. Ou seja, era a oportunidade de visitar o Vale do Silício com uma orientação especial, na companhia de gente muito boa. Em resumo, uma oportunidade imperdível. Na época, eu estava em Milão; saí de lá com destino a São Paulo, onde passei dois dias, e segui para São Francisco.

O que me esperava no Vale do Silício? Ou melhor, o que eu esperava dele? Ainda não fazia ideia, mas confesso que estava ansioso. Como todo bom aquariano, sempre tive pressa de chegar ao futuro — no grandioso futuro que nós temos potencial de criar. Pois acredito demais na capacidade humana de transformar e revolucionar o mundo, no melhor dos sentidos. Mais à frente falarei sobre isso.

De volta para o futuro, mas não no DeLorean

Quando enfim desembarquei no Vale, a ansiedade se transformou em fascínio. Imediatamente senti que estava de volta para o futuro numa espécie de Magic Kingdom. Sem exageros: logo no primeiro passeio, fiquei encantado. Pensei em Marty McFly (Michael J. Fox) e Dr. Emmet Brown (Christopher Lloyd) circulando pelas terras mágicas de Walt Disney — só que, em vez do clássico DeLorean, o veículo utilizado seria um modelo Tesla, de Elon Musk.

A nossa tour começou pela emblemática Singularity University — um misto de think tank, incubadora e pólo disseminador de ensino sobre novas tecnologias. Lá, assistimos a uma palestra de Pascal Finette, que coordena o programa de startups da SU. E durante a aula, fortaleceu-se a sensação de que o futuro estava mesmo ao redor: pois Finette falou sobre a rapidez com que as inovações estão se tornando realidade. Tecnologias que, antes, levavam 40, 50 anos para serem implantadas, hoje se tornam acessíveis em dez.

Um brasileiro nas alturas

Dou um exemplo — e bem próximo de nós: na SU, tive o prazer de bater um papo com Fábio Teixeira dos Santos, o primeiro brasileiro a estudar por lá. Ele me apresentou detalhes do projeto que está desenvolvendo: o Hyper3s, um satélite do tamanho de uma caixa de sapato que faz fotografias de várias camadas da Terra com equipamentos baratos.

“É uma tecnologia que não tem nada de novo, mas o bacana é fazer algo que custa US$ 500 milhões por US$ 250 mil”, contou-me o Fábio. “A técnica indica a presença de compostos de acordo com o reflexo da superfície para diferentes faixas de luz. Isso nos permite identificar qual a composição química do ar ou se o solo possui água, gás ou petróleo”, completou.

Fábio é um gênio, um talento brasileiro que muito nos orgulha. E se a Singularity University já era um lugar que estava nos meus planos de viagem, agora, após essa “aula de futuro”, sei que voltarei. E não é só intuição; é certeza.

Como entrar na Disney pela primeira vez

Começar a visita pela Singularity University foi como entrar na Disney pela primeira vez — e logo pelo Magic Kingdom. Por quê? Ora, porque todos nós nos sentimos crianças novamente, sem exceção. O Vale do Silício é um ambiente de aprendizado extraordinário; é impossível não ficar entusiasmado com o que se vê e sente por ali. É o ponto de encontro de pessoas que querem mudar o futuro — e que estão conseguindo. Mas deixe-me retomar a jornada; mais tarde volto a essas reflexões.

Na SU, também entendi o que o engenheiro Peter Diamandis quis dizer no seu livro Abundância: “o futuro é melhor do que você imagina” (Editora HSM, a partir de R$55,17). Estamos num caminho veloz e sem volta — e isso é maravilhoso. Vamos viver mais, encontrar soluções práticas para o nosso cotidiano, como curas para doenças graves. É a tecnologia de e para o homem: isso me move e me encanta.

Love, live and learn

Da SU, partimos para o Google. Parada obrigatória, e sensacional! Nunca vi atmosfera parecida. Terminei a visita morrendo de vontade de mandar meu CV e ficar por ali. Aliás, foi no Google que ouvi a frase que mais me marcou na viagem: Live, Learn and Love.

De minha parte, modestamente, troquei a ordem para LOVE, LIVE AND LEARN. Pois pensei muito nos valores que temos aqui na Óticas Carol; e “Love” remete a um dos 5 P’s que compõem esses valores: Paixão (os outros são Pioneirismo, Proximidade, Parceria e Propósito). Na nossa empresa, a paixão pelo que fazemos é um pilar: e foi sensacional ver que também é o de uma das organizações mais inovadoras que existem.

A seguir, estivemos na Microsoft. E ouvimos da General Manager do Brasil, Paula Bellizia, que a empresa está cada vez mais focada em se aproximar de seus clientes. Conhecemos novas ferramentas e a Cortana, assistente virtual. Reinventar uma companhia como a Microsoft é uma missão e tanto — e é inspirador perceber como Satya Nadella, o CEO, está conseguindo isso.

A vida no Vale com R$ 200 por mês

No meio do tour, vivemos uma experiência de que jamais esqueceremos: o encontro com outro brasileiro, Wesley, de São Paulo. Aconteceu na escola de programação 42, um dos espaços mais interessantes do Vale.

Wesley nos contou que vive com R$ 200 por mês e que só come macarrão instantâneo. Não consegui evitar a emoção ao ouvir isso. Porque o relato me levou a outra viagem ao passado — desta vez, aos meus anos de Engenharia na UFF, em Niterói, no Rio de Janeiro, quando tinha somente R$ 1,00 para o bandejão. Quando a faculdade entrava em greve, eu era obrigado a me virar com dobradinha e refresco, por vários dias.

E ali estava eu, diante de um menino que, com toda certeza, vai longe. Na verdade, já está indo: ele voltará em breve ao Brasil e precisa fazer um estágio de quatro meses, que prontamente foi oferecido pela Microsoft. O grupo também se mobilizou para ajudá-lo, e foi tocante a gratidão com que ele recebeu o gesto das pessoas.

Twitter e a diversidade

Um dos últimos destinos de nossa tour foi o Twitter. Lá, assistimos a uma palestra inesquecível sobre diversidade, que é um dos valores-chave da empresa. E, naquele momento, tive mais uma grata surpresa: encontrei outro paralelo com o que acontece aqui na empresa.

Porque, para nós, a tolerância e o respeito no ambiente de trabalho são inegociáveis. E o curioso é que isso nunca foi estampado nas paredes da Óticas Carol; são valores implícitos, arraigados em nossas atividades e no nosso cotidiano. Para mim, foi gratificante constatar esse alinhamento com empresas que estão na vanguarda do pensamento e da tecnologia.

Sem gente, tecnologia não é nada

Enfim, foi uma jornada mágica — e me perdoe se eu soar repetitivo. É que realmente senti-me enfeitiçado pelas experiências que vivemos. Todos fomos positivamente contagiados pela percepção de como nossa vida vai mudar cada vez mais com a tecnologia. Foi extraordinário ver, de perto, a concretização de conceitos futuristas, como inteligência artificial, nanotecnologia, biologia sintética e tantos outros.

Mas foi ainda melhor constatar o que há de humano em todas essas inovações. Somos nós que damos sentido à tecnologia. Sem gente, por mais espetacular que seja, o avanço se torna abstrato, vazio.

Pois são os componentes humanos que vão fazer com que essa tremenda máquina tecnológica mude o mundo para melhor, e para valer. Elementos que só nós temos. Como aquela intuição — que me tirou do automatismo e me levou até o Vale do Silício, para uma das experiências mais transformadoras de minha vida.

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