O vírus, os diferentes  lockdown e a tragédia anunciada da morte de jovens

 

O coronavírus adora usar, viajar, passear no transporte público. Dá preferência para trens e ônibus lotados. Fica mais confortável ainda quando todas as janelas de trens e ônibus se mantêm fechadas. Gosta muito também de ir a festas, encontros, de preferência com a presença de muitos jovens.

O vírus só teme o lockdown e a vacina se ganhar ritmo rápido, que ainda não ocorre no Brasil. O distanciamento social, por determinados períodos, não deixa o vírus circular, se propagar.  Sabe o que aconteceu na Inglaterra e em outros países.  Acompanhou com preocupação o que ocorreu em Araraquara, interior de São Paulo. Mas não está preocupado com o Brasil como todo, em especial nas grandes capitais e cidades turísticas.

A Inglaterra fez três lockdown, em períodos diferentes, desde o início da pandemia. No último, por um período de um mês, a  redução de infecções  caiu dois terços em todo o país que tinha uma população de  60 milhões em 2020. Só em Londres, a queda das infecções foi de 80% em comparação com o mês anterior.  A queda das infecções na Inglaterra, após o último lockdown, constou de um estudo do Imperial College que reforçou a adesão, o apoio da população para frear a propagação do vírus, com o uso de máscara e distanciamento social.

A cidade de Araraquara, com 238 mil habitantes em 2020, fez um lockdown de 45 dias depois de  um colapso do sistema de saúde, sem ter mais um leito disponível para receber pacientes. No início de abril de 2021, quando Brasil inteiro superou a marca de 4 mil mortes, Araraquara não registrava nenhuma morte. O registro de infecções pelo vírus caiu em 75% na cidade. Autoridades locais, médicos e técnicos apontaram que a principal causa da redução das infecções e mortes foi a adesão da população ao lockdown, além do uso com de máscara e distanciamento social.

O lockdown no Brasil, como se tenta fazer, nunca dará certo, sem medidas complementares, em especial nas grandes capitais.  Com lockdown, muitas pessoas, mesmo quem não trabalham em serviços essenciais, são obrigadas a ir trabalhar, pois precisam do salário para sobrevivência pessoal, para se alimentar, manter a família,  pagar o aluguel que vence todo mês.

É o caso da Elizete Soares que mora em Belford Roxo e trabalha numa pequena confecção perto do centro do Rio. Ela acorda todos os dias as 4 horas da manhã, apanha um trem, lotado todos dias, e depois mais um ônibus, também lotado  todos os dias, até chegar no local de trabalho, antes das 8 horas.

O transporte público nas grandes capitais brasileiras é um dos maiores foco de contaminação do vírus, mesmo que todas pessoas usem máscara, o que não corre também.  Para reduzir e frear essa contaminação no transporte público seria  preciso uma política nacional de compensação para essas empresas para que possam aumentar o fluxo de veículos e reduzir o número de passageiro em cada percurso. Ninguém poderia viajar em pé e uma pessoa ocuparia  o lugar para duas vagas. Janelas abertas. Só assim o transporte público será seguro, sem ser um propagador do vírus.

Lockdown no estilo inglês, sem transporte público lotado e adesão da população a favor do uso de máscaras e distanciamento social, além da aceitação das vacinas,  dá certo. Mas não no Rio de Janeiro, São Paulo, Porto Alegre, Recife e em outras grandes capitais. O vírus está no transporte público,  nas festas e baladas, de preferência que estejam jovens.

No país em que o poder público, a começar pela presidência da República, sempre negou a pandemia,  o uso de máscara,  o isolamento social e até mesmo as vacinas,  o mês de março de 2021 registra uma tragédia anunciada: 52,2% dos pacientes em estado grave nos hospitais não tinham mais de 40 anos. Milhares ficaram para trás e muitos deles bem jovens.

 

 

 

 

 

 

Facebook
Twitter
LinkedIn