Papai Noel digital

Quando vi no início desta semana um Papai Noel na televisão, com o rosto estampado de alegria e nas duas mãos segurava um diploma digital para exercer sua profissão neste Natal, a ficha caiu para mim: vivemos no momento em outro mundo. Um novo mundo que até pode e deve ter alegria, novas esperanças. Mas no bolo de Natal deste ano a mistura maior é de dor, de tristeza, de preocupação.
Este ano, cada um de nós, teve um parente, um amigo ou um conhecido que lutou pela sua própria vida, ao lado de obstinados profissionais de saúde, mas longe de um rosto familiar e querido. Muitos deles sucumbiram ali, no leito ou no corredor de um hospital, dentro de uma ambulância ou na própria moradia, para esse feroz e mortal vírus da pandemia.

O vírus da pandemia, no entanto, não atacou apenas um órgão vital de cada pessoa, o pulmão, a sua respiração. Atacou também de forma mortal a unidade, o entendimento, as ações coordenadas entre os políticos, os governos municipais, estaduais e federal. Sem liderança nacional, faltou a primeira vacina que desde o início desse ano poderia ter reduzido em muito a mortalidade de brasileiros em todas as regiões do país.

Sem a vacina do entendimento nacional e das vacinas indicadas diretamente para combater o vírus, produzidas por diferentes instituições
de reconhecimento mundial, o Brasil nos primeiros meses do ano vai alcançar a marca trágica de 200 mil mortes por essa pandemia. Até
mesmo para a elaboração de um plano nacional de vacinação teve desentendimento, se perdeu tempo e vamos ser superados nessa ação
por diferentes países, mesmo aqui da América Latina. É preciso sim manter as empresas, os empregos, a economia ativa. Mas para isso
também é preciso uma emergente coordenação nacional.

Sem nenhuma vacina disponível para nós nesse Natal, nos resta evitar aglomerações de pessoas, manter o isolamento social, usar máscara e fazer a higiene pessoal mais indicada, lavar sempre as mãos.

Só assim vamos receber uma benção do Papai Noel por mais saúde e esperança em dias melhores, o que mais importa hoje. Não importa que a benção deste ano seja de um Papai Noel digital.

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