Mercado financeiro será desafiador e de transformação em 2025

Mercado financeiro brasileiro deve ter ano de consolidação de mudanças tecnológicas cada vez mais presentes no dia a dia do consumidor e do mercado

 

As mudanças tecnológicas impulsionadas por fintechs têm acelerado e se consolidado no dia a dia dos brasileiros, tanto no consumo da população quanto nas transações envolvendo empresas.
Entre os grandes avanços recentes, o Pix já se consolidou com folga como o método de pagamento favorito no país, e a Febraban (Federação Brasileira de Bancos) estima que 2024 encerrou com R$27,3 trilhões movimentados pela modalidade — um aumento de quase 60% em relação ao ano anterior.

Junto do Pix, outras tecnologias já conhecidas como os pagamentos por aproximação ou o open banking devem se juntar em breve a uma maior digitalização das moedas, com a expectativa pelo DREX (moeda digital que será operada pelo Banco Central), em um momento de muita atenção para a economia brasileira. Especialistas enxergam um 2025 desafiador para o mercado de crédito e com a alta na taxa Selic, que encerra 2024 em 12,25% ao ano, somado a um contexto internacional indefinido que afeta o câmbio.

Diante desse cenário, consultamos especialistas de fintechs de diferentes segmentos que destacam quais devem ser as principais tendências e temáticas em alta para 2025 no mundo das finanças:

 

 

 

PERSONALIZAÇÃO

Em 2025, o mercado financeiro brasileiro deve ser palco de transformações impulsionadas por tecnologias que já estão em rápida evolução. A expansão do Pix, agora com funcionalidades como pagamento por aproximação e operações internacionais, promete fortalecer ainda mais a inclusão financeira no país. “O Pix é um exemplo claro de como soluções simples e acessíveis podem revolucionar a forma como lidamos com dinheiro, democratizando serviços financeiros em uma escala sem precedentes”, observa Leo Monte, CEO da CashWay. Ele ressalta que a agilidade e a praticidade da ferramenta continuarão a atrair milhões de novos usuários, inclusive em áreas antes desassistidas pelo sistema bancário tradicional.

Outra tendência marcante é a consolidação do Open Finance, que, combinada à inteligência artificial, viabiliza uma experiência financeira hiperpersonalizada. “Com o Open Finance, dados financeiros que antes estavam dispersos agora podem ser integrados e usados para criar soluções sob medida para cada cliente”, explica Leo. Além disso, a introdução do DREX — moeda digital do Banco Central — e o avanço das redes descentralizadas prometem reforçar a segurança e a eficiência das transações, ampliando o acesso a serviços financeiros de maneira sustentável. “O futuro está em conectar inovação com propósito, e essas tecnologias têm o potencial de mudar definitivamente a forma como brasileiros se relacionam com o dinheiro”,conclui.

CEO da Hub4pay, Daniel Moreira enxerga também para 2025 uma tendência clara em otimizar a entrega e distribuição de cartões. “Modelos digitais estão se consolidando, permitindo a emissão instantânea de cartões virtuais, enquanto a redução no uso de plásticos não apenas diminui custos, mas também reflete o compromisso das fintechs com a sustentabilidade. Essas mudanças apontam para um mercado mais ágil, econômico e alinhado às demandas dos consumidores modernos”.

FINANCE HACKING

Para startups, o desafio de crescer com recursos limitados exige mais do que cortes de gastos – é preciso adotar práticas financeiras estratégicas. Fernando Trota, CEO da Triven, aponta o finance hacking como uma abordagem eficaz para startups que desejam otimizar seus recursos e alcançar resultados mesmo em cenários de escassez. “O dinheiro é uma janela de oportunidade para validação de hipóteses. O que leva startups ao fracasso não é a falta de dinheiro, mas decisões que comprometem o crescimento sustentável”, explica.

Entre os pilares do finance hacking estão a extensão do tempo de caixa disponível (runway), o planejamento de custos para validação de hipóteses e a diversificação das fontes de  financiamento. “Além do venture capital, explorar estratégias como vendas de serviços
auxiliares ou consultorias pode oferecer mais controle e reduzir riscos financeiros”, acrescenta Trota.

Segundo o especialista, finance hacking não é apenas cortar custos, mas maximizar o impacto dos investimentos. “Em um mercado cada vez mais competitivo, startups que adotarem essa abordagem terão maior capacidade de alocar recursos com precisão, reduzir incertezas e criar soluções escaláveis com mais eficiência em 2025”, conclui.

MERCADO IMOBILIÁRIO

Entre os segmentos mais tradicionais da economia, o mercado imobiliário brasileiro se prepara para um 2025 com alguns desafios pela frente, mas com sinais promissores no segmento econômico, com destaque para o programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV). Após um 2024 marcado por crescimento consistente, os indicadores apontam continuidade no ritmo de expansão no próximo ano, impulsionados pelo fortalecimento do crédito habitacional e por políticas públicas de incentivo. Do outro lado, a alta de um ponto percentual na Selic traz riscos de redução na margem das incorporadoras e menos vendas em outros segmentos do mercado.

CEO da Versi, real estate fintech que atua com funding para incorporadoras ligadas ao segmento econômico do mercado imobiliário, Ebran Theilacker avalia que a Selic deve trazer um impacto maior para os negócios ligados ao público de classe média e alta, que compram imóveis para investir ou por desejo, e menos por “necessidade”, visto que o crédito não deve se tornar tão atrativo com os juros mais altos.

“Deve crescer a necessidade de renda para o financiamento do imóvel, tornando o mercado endereçável mais restritivo. Assim, as incorporadoras correm o risco de não venderem os imóveis mesmo tendo demanda”, sinaliza.

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