Reeducação financeira e tecnologia podem ser solução contra inadimplência

Papéis espalhados pela mesa com gráficos e um celular com aplicativos, representando a organização das finanças

Com 6,6 milhões de negócios inadimplentes, reeducação financeira e tecnologia para MPEs podem se tornar solução. Com propostas como o Desenrola PJ em desenvolvimento pelo Governo Federal, empreendedores terão mais facilidade para pagar dívidas 

Após um 2023 marcado por incertezas e instabilidades geopolíticas, econômicas, fiscais e sociais, as empresas no Brasil vêm encontrando mais dificuldades para pagar dívidas. Para ilustrar, segundo dados da Quod, datatech especializada em soluções analíticas, tecnologia e inteligência de dados para apoio ao negócio, desde 2018, há um aumento gradual da inadimplência das empresas no país. Em dezembro de 2023, por exemplo, elas já representavam pouco mais de 6,6% – uma das maiores taxas da história. Isso porque, dos aproximados 21 milhões de CNPJs, 5,9 milhões possuem dívidas atrasadas – representando cerca de 28% de todos os negócios ativos.

É diante desse contexto que o Desenrola PJ, parte da iniciativa Desenrola Brasil do Governo Federal, promete regularizar o mercado de crédito nacional para os pequenos e microempreendedores – isso é, quando associado à reeducação dos próprios gestores.

“Os micro e pequenos empreendedores, que representam a maioria das empresas endividadas no Brasil, ainda sofrem os impactos causados pela pandemia e por fatores macroeconômicos, como a manutenção das altas taxas de juros, que impossibilitam a quitação saudável das dívidas. Já para aqueles nos setores como os de serviço e comércio, que normalmente já possuem um fluxo de caixa instável e são dependentes de crédito, a inadimplência também passou a ser um problema maior. Assim, a iniciativa do governo tem o potencial de impactar positivamente as contas, mas é fundamental que o empreendedor possa fazer um bom planejamento também”, destaca Thiago Gallina, gerente de produtos PJ da Quod.

Nesse sentido, para o especialista, apesar da solução ser positiva, a educação financeira será decisiva para que os empreendedores possam lidar com as possibilidades de novas linhas de crédito, utilizando-as para construir um fluxo de caixa mais estável – sem o risco de adquirirem dívidas maiores. Outro ponto de atenção, segundo Gallina, é que “uma relação creditícia saudável, nos dias de hoje, se dá no uso de inteligência artificial, que viabiliza o uso de dados para uma melhor compreensão do histórico de crédito, dados transacionais e digitais da empresa. Isso vale tanto para empreendedores individuais, quanto para outros agentes. Isso porque, com uma boa análise, as chances de evitar a inadimplência e riscos operacionais sobem significativamente, trazendo mais segurança e conforto para os envolvidos”, explica.

Discutido no projeto de Lei 4857/23, o programa ainda não tem previsão de início. Entretanto, Gallina acredita que, desde que associado a um esforço educacional dos gestores dos setores mais atingidos pela inadimplência, a iniciativa poderá marcar uma virada contra o crescimento do endividamento dos empreendimentos brasileiros e promover uma melhoria geral na economia do país, já que as MPES movimentam grande parte dos empregos no país.

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