Mercado ainda enfrenta obstáculos de gênero enquanto passa por transformação
O avanço da presença da mulher em todos os campos da economia é visível, mas não tem sido fácil conquistar esses espaços. Incontáveis são as contendas vividas e encaradas com garra pelas mulheres para conquistar voz e manter sua presença nos espaços, e no segmento imobiliário não é diferente.
Segundo o estudo “O Lado Feminino do Mercado Imobiliário”, realizado pelo movimento Mulheres do Imobiliário, em parceria com a Datastore, a especialista em marketing imobiliário Raquel Trevisan e a PhD em assédio no ambiente de trabalho, Alice Oleto, que ouviu mais de 800 profissionais de todas as regiões do país, 93% das entrevistadas reconhecem que vêm conquistando espaços significativos nos últimos anos. Do total de entrevistadas, apenas 28% citaram que os cargos de liderança são ocupados por mulheres.
O estudo ainda apresenta outros dados, alarmantes, que mostram que a transformação nesse segmento é urgente e necessária. 61% das entrevistadas afirmaram que já sofreram assédio sexual, moral ou verbal no trabalho. Destas, 21% não fizeram qualquer denúncia por medo de perder o emprego e por não acreditarem no processo punitivo. 61% afirmam que ser mãe e profissional no setor de imóveis ainda é um tabu.
“A ideia de ter um patrimônio ainda está fortemente vinculada ao legado de uma figura masculina. Quando a mulher constrói seu patrimônio, vislumbra não só a independência financeira, como também a independência de vida” ressalta Elisa Tawil, idealizadora, co-fundadora e líder do movimento Mulheres do Imobiliário.
Em seu livro Proprietárias – A ascensão da liderança feminina no setor imobiliário, Elisa Tawil fala da conquista da independência da mulher através do setor imobiliário. “Quando a mulher constrói seu patrimônio, vislumbra não só a independência financeira, como também a independência de vida”, defende a autora.
O empreendedorismo feminino aplicado ao setor imobiliário está em alta. A ascensão da liderança feminina no setor imobiliário, tem um significado maior: o de novamente impor a presença feminina em um reconhecido território masculinizado pelas crenças culturais. E como em muitos outros territórios, a dura e necessária luta da mulher para construir seu próprio destino se faz necessária.
Apesar de o número de corretoras ter crescido 144% entre 2003 e 2013, elas são apenas 30% dos profissionais que atuam legalmente na atividade, de acordo com o COFECI (Conselho Federal de Corretores de Imóveis). Em São Paulo, as mulheres representam 34% do total de corretores, segundo dados de 2020 do CRECI-SP (Conselho Regional de Fiscalização do Profissional Corretor de Imóveis).
Elisa Tawil é a idealizadora, co-fundadora e líder do movimento Mulheres do Imobiliário. Mentora e consultora estratégica de negócios, foi a primeira certificada Shakti Leader em São Paulo. Também é membro da Tiara Resource Circle, conselheira da ONG Gaia + e voluntária pela FISESP e Na’amat Pioneiras SP. Em 2019, foi eleita LinkedIn Top Voices. Atualmente, é executiva na eXp Brasil. Além disso, é colunista da Revista HSM Management, do Imobi Report e Exame Invest e produz e apresenta o podcast Vieses Femininos.