A preocupação com o coronavírus tem afetado Bolsas de Valores e a cotação das moedas pelo mundo nos últimos dias. Com o aumento no número de infectados ao redor do globo e a confirmação do primeiro caso do coronavirus no Brasil, a Bolsa despencou 7% e o dólar bateu ontem (28) recorde de fechamento a R$ 4,48. Mas por que o coronavírus está causando retração, alta do dólar e quedas significativas no mercado de ações?
Yasmim Melo, especialista do mercado de investimentos e fintechs e fundadora do Instituto Nacional do Agente Financeiro revela alguns dos motivos pelos quais as bolsas têm enfrentado sucessivas quedas nos últimos dias: “vivemos em um mundo globalizado e onde não apenas as cadeias de produção estão interdependentes, mas todo o mercado, que hoje tem flutuação quase instantânea, na velocidade da informação e da internet, já que os pregões são eletrônicos e voláteis. Então quando investidores do mundo todo estão preocupados com o aumento de casos de infecção pelo novo coronavírus fora da China, os impactos da doença são sentidos na economia global.”
Na Bolsa de São Paulo as maiores perdas foram lideradas por Gol e Azul, cujas ações perderam 14,31% e 13,30% do valor de mercado, respectivamente. Vale e Petrobras tiveram queda de mais de 9,54% e 10,05%, respectivamente.
Mas será que existiria algum meio de proteger o seu investimento no mercado de ações das flutuações do mercado devido ao coronavírus? Yasmim Melo é enfática: “eventos como estes, de epidemias ou desastres naturais, que causam temor no mercado, não podem ser previstos e obviamente não há modelo ou método algorítmico que seja plenamente eficaz. Isto depende do feeling do trader, do investidor, de estar atento às notícias, às redes sociais dinâmicas como o Twitter e aos trendings. Olhando as épocas e estações podemos prever as colheitas”.
O patamar alcançado no dia de hoje de queda da bolsa foi apontado por alguns especialistas do mercado como semelhante ao visto em 2008, com a crise imobiliária nos EUA, puxada pela falência do Banco Lemon Brothers. Contudo, na opinião da especialista ainda é cedo para dizer que estamos entrando em um cenário parecido: “a crise de 2008 foi desencadeada pela bancarrota de uma das principais instituições financeiras norte-americanas no ramo imobiliário e que tinha bilhões de dólares em títulos de dividas e hipotecas. Naturalmente o coronavirus já está desacelerando a economia mundial devido ao temor do mercado e até mesmo a paralisação de alguns meios de produção, mas ainda é cedo para prever com exatidão o impacto de tudo isto.”