Em períodos de instabilidade econômica, é comum ocorrerem algumas mudanças nos hábitos de consumo. A redução de refeições fora de casa, fato já sentido pelos restaurantes, é um dos novos hábitos adquiridos pelo consumidor – e pode ser um dos motivos do aumento na falta de produtos nos supermercados. Em janeiro, o índice de faltas (ruptura) aumentou mais de 35% em relação ao mês anterior, e chegou a 13,08%, patamar mais elevado desde outubro de 2014, segundo estudo realizado pela NeoGrid.
“As pessoas tendem a comer mais em casa e acabam buscando mais itens nos supermercados – o que pode ocasionar uma ruptura maior”, explica o diretor de relacionamento do varejo da NeoGrid, Robson Munhoz.
A mudança nos hábitos de consumo não é o único motivo para a falta de produtos nas prateleiras. Outra possível razão é o fato de a indústria estar mais pessimista que o varejo, como mostra a pesquisa realizada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), que indica que 38% da indústria ficaram parados em janeiro. “O varejo está vendendo dentro do ritmo esperado, mas já percebeu que a indústria começa a ter dificuldades de entrega em alguns itens, principalmente no que diz respeito aos não-alimentos, como higiene e beleza, limpeza, entre outros”, afirma Munhoz.
De acordo com a NeoGrid, a ruptura do setor de não alimentos (higiene e beleza, limpeza e outros) chegou a 13,74%, enquanto a de alimentos (alimentos e bebidas) ficou em 12,20%.
Além disso, em dezembro de 2015, os supermercadistas abasteceram as lojas, pois viram nas festas de fim de ano uma oportunidade para aumentar as vendas. O consumo desses itens reduziu a cobertura de estoque (número de dias que o estoque cobre a demanda). O número caiu de 132,01 em dezembro para 73,58 em janeiro. “É um efeito do período pós-festas. Como o mix de produtos fica desequilibrado, a ruptura tende a aumentar”.