Organizado anualmente no Rio de Janeiro pelo Instituto Nacional de Altos Estudos (Inae), o Fórum Nacional inaugurou sua 29ª edição ontem (18), na sede do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), tendo como tema Recessão, crise estadual e de infraestrutura. Para onde vai a economia brasileira?. O fórum foi aberto pela presidente do BNDES, Maria Sílvia Bastos Marques, e se estenderá até a sexta-feira (19).
Segundo o presidente interino do fórum, Raul Velloso, o Brasil tem quatro apagões que precisam ser enfrentados e todos são interligados entre si. São os apagões fiscal, de investimento, de infraestrutura e de produtividade, que “se tornam muito piores por estarmos no meio da pior recessão da história”, disse Velloso.
O economista disse que o Brasil precisa investir mais em infraestrutura “aqui e agora” e não daqui a seis ou oito anos, “se não, não sai da recessão”. No que tange ao apagão fiscal estadual, salientou que é um problema não resolvido que pode atrapalhar a obtenção do outro objetivo, que é investir mais e crescer mais.
Na avaliação do consultor, a atual recessão econômica é causa e também consequência desses apagões. “Por isso, é complicado e difícil resolver”, manifestou. Disse que a recessão impede a economia de crescer e, fazendo isso, cria buracos financeiros muitos pesados no setor público que necessitam ser resolvidos. “Se não resolver esses buracos, o investimento não sobe”.
Todas as saídas dependem do governo federal, sinalizou. No lado fiscal, por exemplo, Raul Velloso disse que a ênfase tem que ser na previdência pública e fazer um fundo de ativos para ajudar a pagar o déficit previdenciário e, ao mesmo tempo, trazer dinheiro para o caixa dos estados, que estão “quebrados, porque a recessão derrubou as receitas”.
Destacou também que, em relação à infraestrutura, os gargalos têm de ser atacados rapidamente. Segundo Velloso, o governo está hesitando em adotar as providências corretas, entre as quais estender o prazo das concessões. Avaliou que há muita resistência da máquina interna, que tem um viés muito forte contra o investimento privado. O governo tem que reequilibrar os contratos, insistiu. “O objetivo do governo é baixar a tarifa; o meu é o de fazer a economia voltar a crescer, com emprego”.
Esta é a primeira vez que o Fórum Nacional não será presidido pelo ex-ministro João Paulo dos Reis Veloso, superintendente do Inae, que se recupera de um acidente.