Um manifesto encabeçado por 41 grandes empresas nacionais e que já conta com mais de mil adesões está conclamando empresários a não demitirem nesse período de crise econômica deflagrada pela pandemia do Coronavírus. O manifesto Não Demita! lançado pela Internet no último final de semana apela para a responsabilidade social do setor produtivo e se coloca na contramão de discursos que apelam para demissões em massa, caso a política de isolamento social e quarentena não sejam revertidas imediatamente. O movimento enfatiza uma convocação “de empresário para empresário” e assinala: “A primeira responsabilidade social de uma companhia é retribuir à sociedade o que ela proporciona a você – começando pelas pessoas que dedicam suas vidas, todo dia, ao sucesso do seu negócio. É por isso que nossa maior responsabilidade, agora, é manter nosso quadro de funcionários”.
De acordo com Harry Schmelzer Jr. (foto), presidente da WEG e um dos signatários do manifesto, o momento exige união para a superação da crise e demissões só iriam agravar o atual quadro econômico e social. “Este é o momento de unir esforços para mitigar o máximo possível os efeitos da crise na vida das pessoas. A prioridade é implantar protocolos para assegurar a proteção à vida, mas devemos também trabalhar para reduzir os impactos econômicos. Assim como sempre fizemos em outros momentos difíceis, usaremos todas as ferramentas cabíveis para enfrentarmos essa crise procurando manter os empregos dos nossos colaboradores”, enfatiza.
Conforme o manifesto Não Demita!, “estes são tempos extraordinários que exigem medidas extraordinárias. Muitos passamos a vida tentando construir um legado. Pois bem, a hora é essa. Neste momento, o Brasil é um país de heróis. Na saúde, milhares de profissionais dão o melhor de si e correm riscos para salvar vidas nos hospitais. Em outros setores da economia, milhões de brasileiros trabalham todos os dias para manter nossas cadeias de fornecimento intactas. Eles garantem o funcionamento das fábricas, o abastecimento e o transporte público. Já o nosso ato de coragem é outro: cuidar dos funcionários que dependem de seus salários e de nossas empresas. Por isso, fazemos este chamamento e assumimos, nós mesmos, este compromisso: empresários, mantenham seus quadros pelo menos nos próximos dois meses”.
Para o presidente da Fiesc (Federação das Indústrias de Santa Catarina), Mario Cezar de Aguiar, o momento é de manter os empregos, mas ressalta que o setor público também precisa fazer sua parte nessa equação. “O governo tem mais condições de renegociar seus compromissos do que as empresas. O empresário, que está com o faturamento comprometido, vai sempre priorizar a folha de pagamento e fazer todo o esforço para só realizar demissões em último caso. O custo da crise não pode ficar apenas com o setor privado e é momento de todos darem sua parcela de colaboração, inclusive o setor público”, assinala. Segundo ele, é preciso que o Governo crie mecanismos para que as empresas consigam manter empregos e pagar o salário dos trabalhadores. Nesse sentido, a Fiesc vem se manifestando desde o início da crise pela postergação e parcelamento do ICMS das empresas que tiveram suas atividades parcial ou totalmente interrompidas.
O manifesto empresarial Não Demita! apela para a manutenção de empregos pelo menos até o final de maio, e prossegue: “A verdade é que precisamos todos uns dos outros e, sob circunstâncias terríveis, estamos finalmente nos dando conta disso. Se você já foi fortemente afetado pela crise ou está passando por dificuldades financeiras na sua empresa e realmente não tem caixa para evitar demissões, ainda assim, pare uns minutos e reflita. Desligar gera um custo imediato, muitas vezes maior que dois meses de salários, e há linhas de crédito e outras soluções que estão sendo criadas todos os dias para ajudar as empresas a atravessar a tempestade”. Conforme o texto, manter intactos os quadros de trabalhadores nesse momento ajudará a evitar um colapso econômico e social.
Empresas idealizadoras do Manifesto
Accenture, Alpargatas, Ânima Educação, Atmo Educação, Banco Inter, BR Distribuidora, BR Partners, Bradesco, BRF, BTG Pactual, Camil, C&A, CI&T, Cosan, Cyrela, Dasa, Grupo Boticário, Grupo Pão de Açúcar, Itaú Unibanco, J. Macêdo, JBS, Log CommercialProperties, Lojas Renner, Magazine Luiza, Microsoft, MRV Engenharia, Natura, Porto Seguro, PwC, Rede D´Or, Rodobens, Salesforce, Santander, Sapore, SEB, Stefanini, Suzano, UNIPAR, Vivo, WEG, XP Investimentos