*Por Cesar Sponchiado
A tecnologia da rede Blockchain está causando uma revolução que promete ser avassaladora em várias áreas de nossa sociedade. Ela começou no setor financeiro, com o advento do Bitcoin e as criptomoedas, porém não para aí. Recentemente, começaram a pipocar soluções disruptivas usando esta tecnologia também em marketing, artes, esportes e diversos outros setores. Uma característica interessante de negócios criados sobre a rede Blockchain é o fato deles poderem ser descentralizados. Mas o que isso quer dizer?
Um exemplo para facilitar a explicação é o de um banco chamado PointPay, que é o primeiro banco “sem dono” e descentralizado do mundo. Ele foi criado para executar através de smart contracts (contratos inteligentes) na Blockchain. Isso significa que ele não tem uma composição societária como uma empresa privada, mas sim “n” donos espalhados pelo mundo, que são as pessoas que possuem seus tokens, ativos que permitem a pessoa ter participação naquele negócio, algo parecido com ações de uma empresa na bolsa de valores. Qualquer um pode comprar esses tokens e negociá-los em exchanges (corretoras) quando desejar. Além disso, outra característica da descentralização é o fato da rede estar espalhada e rodando em computadores ao redor do mundo todo.
Na área de marketing, algumas iniciativas similares começam a aparecer, como um browser chamado Basic Attention Token, que foi criado nesse modelo descentralizado e por meio do qual os usuários são recompensados pelos anúncios que aceitam visualizar. A recompensa é feita através da distribuição de uma criptomoeda própria chamada BAT. Note que nesse modelo os anunciantes estão pagando diretamente aos usuários impactados pela propaganda em vez de gastarem a verba com empresas de mídia online que vendem e veiculam esses tipos de anúncios na internet.
Muitas corretoras de criptoativos estão sendo criadas nesse modelo descentralizado para fugir das regulamentações que alguns países estão tentando aplicar nesse mercado de criptomoedas. Corretoras como a Uniswap e PancakeSwap operam sem necessidade de seguir as regras de uma corretora centralizada como a Binance, por exemplo. Os ganhos com taxas e transações valorizam seus tokens (UNI e CAKE, respectivamente) e, com isso, os seus detentores acabam lucrando. Essas redes cripto descentralizadas incentivam os participantes para que trabalhem em prol de um objetivo comum: o crescimento da rede e a valorização do token.
Nas próximas décadas, as tecnologias descentralizadas serão superiores às das grandes empresas centralizadas dominantes que conhecemos hoje. Além da descentralização, essas redes causam uma desintermediação e vão contra os interesses não só de governos, mas de alguns grandes conglomerados privados.
Por causa desse potencial disruptivo, essas inovações já estão causando muitos impactos e mudando o modo como interagimos com a internet, a economia e a sociedade como um todo. Se isso vai permitir um mundo mais justo e menos “concentrado” de poder não sabemos ainda, mas é fato que já foi iniciada uma grande revolução.
*Cesar Sponchiado é Fundador e CEO da Tunad.