Erros como má escolha do regime fiscal, falta de planejamento e desorganização financeira comprometem a competitividade e estabilidade dos negócios
Com a chegada da reforma tributária, o ambiente empresarial brasileiro entra em uma fase decisiva de transição. As mudanças trazidas pela nova legislação exigirá das empresas muito mais do que conhecimento teórico: será necessário repensar processos, revisar rotinas e preparar as equipes para um novo cenário fiscal.
Para a advogada tributarista Andressa Sehn, sócia do escritório Rafael Pandolfo Advogados Associados, o despreparo pode trazer consequências sérias, afetando diretamente a competitividade, as margens de lucro e até mesmo a continuidade das operações empresariais. “Não basta entender o que muda com a reforma tributária. É preciso ir além da teoria e ajustar, na prática, a operação da empresa. Isso significa revisar processos internos, reestruturar fluxos fiscais, treinar equipes e garantir que a organização esteja não apenas em conformidade, mas preparada para operar com inteligência fiscal em um novo cenário”, afirma a especialista.
Segundo Andressa, quanto antes as empresas iniciarem esse processo de adaptação, menores serão os riscos de prejuízos futuros. De olho neste cenário, a tributarista elenca os principais erros que têm comprometido o desempenho e a saúde financeira de muitos negócios neste período de transição para o novo modelo tributário. Veja a seguir:
1. Escolha incorreta do regime tributário
Um dos equívocos mais comuns é permanecer em regimes tributários que já não correspondem à realidade atual da empresa, seja em faturamento, estrutura de custo ou setor de atuação. Essa desconexão pode resultar no pagamento de tributos mais elevados do que o necessário, reduzindo margens de lucro e dificultando a capacidade de reinvestimento.
“Isso compromete diretamente a competitividade da empresa, pois ela opera com uma carga fiscal superior à necessária, enquanto concorrentes mais bem estruturados conseguem maior eficiência e melhores preços no mercado”, observa Andressa.
2. Gestão financeira desorganizada
A desorganização na gestão financeira, sobretudo em pequenas e médias empresas, também representa um problema grave. Em muitos casos, as finanças pessoais e empresariais ainda são misturadas, o que prejudica o controle contábil e dificulta o cumprimento das obrigações fiscais. Essa falta de separação compromete não apenas a clareza nas demonstrações contábeis, mas também a capacidade da empresa de avaliar sua real situação financeira.
3. Falta de planejamento tributário
A ausência de planejamento tributário estruturado impede que a empresa aproveite as alternativas legais para reduzir sua carga tributária. Com a reforma, isso representa um risco ainda maior. “Não acompanhar as tendências e mudanças legais significa abrir mão da eficiência e da sustentabilidade do negócio”, destaca.
4. Uso inadequado de sistemas de gestão fiscal
A partir de 2026, mudanças na emissão de documentos fiscais exigirão sistemas atualizados. Empresas com ERPs desatualizados correm o risco de paralisações operacionais. Já existem normativas sobre os novos campos exigidos nas notas fiscais, e o ideal é se adequar o quanto antes.
5. Mais do que ajustes técnicos: mudança de cultura
A reforma também demanda uma transformação cultural nas empresas, com envolvimento da alta gestão e das equipes. Criar uma cultura de conformidade e inteligência fiscal será essencial para evitar erros e prejuízos. “Preparar-se com antecedência é a melhor forma de reduzir riscos e garantir estabilidade no futuro”, conclui Andressa.



