Ao ler ou ouvir as projeções econômicas para o ano de 2016 nada parece soar positivo. A inflação deve continuar alta, assim como o desemprego. Mas para aqueles que já aprenderam a arte de bem investir, ou seja, recebem juros ao invés de pagá-los, o próximo ano deverá continuar excelente, segundo o especialista em finanças, com MBA pelo Ibmec, Rafael Seabra.
O bom investidor é aquele que sabe adaptar os investimentos que realiza às suas características pessoais. Lógico que todos visam a boa rentabilidade, mas cada um tem uma formação e necessidades diferentes, portanto, a escolha das modalidades ou estratégias de investimentos variam de investidor para investidor.
O que todos devem buscar no cenário atual é se proteger da inflação, que deve fechar o ano de 2015 na casa dos 10%, acima da rentabilidade da caderneta de poupança, o que significa que, quem deixou dinheiro aplicado nessa modalidade diminuiu seu poder de compra, ou seja, teve uma rentabilidade real negativa.
Independentemente das incertezas econômicas, Seabra alerta que os investidores precisam analisar com muita atenção as aplicações financeiras oferecidas pelos grandes bancos, pois com raras exceções (normalmente ao alcance apenas de investidores com alto valor inicial), a maioria é péssima opção de investimento, sobretudo pelas altas taxas de administração e/ou baixa rentabilidade oferecida.
Segundo o especialista, o momento é muito favorável aos investimentos em renda fixa, com rentabilidade garantida acima de 1% ao mês. “Não há razão para arriscar parte do patrimônio em renda variável, ações, por exemplo, principalmente, se a pessoa não tem conhecimento nessa área.” Seabra enfatiza que os investimentos mais seguros estão atrelados à taxa Selic e ao IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), medido pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), e, os com melhor custo/benefício são os títulos públicos, como é o caso do Tesouro Selic e Tesouro IPCA+.
Com a economia tão atrelada à política, podendo sofrer alterações a qualquer momento, mediante uma decisão do governo federal, o especialista explica que as categorias financeiras que mais sofrem com esse quadro instável são o câmbio e o mercado de ações. “O dólar, como observamos nos últimos meses, comportou-se com bastante volatilidade no preço. Já o mercado de ações perde competitividade com a alta taxa de juros da economia. Por isso, a melhor forma de se proteger é escolher aplicações financeiras que acompanhem a inflação e a taxa Selic.”
Seabra ressalta que a volatilidade do dólar afeta muito mais o mercado de renda variável. Sendo assim, para quem investe em renda fixa, essa situação pouco importa. Dessa forma, evitar os investimentos que podem apresentar mais volatilidade, como câmbio e o mercado de ações, é prudente, pelo menos até haver um horizonte mais claro para os problemas políticos. “Se apenas enfrentássemos problemas econômicos, talvez fosse um bom momento para investir em ações, pois há várias pechinchas no mercado. Mas a crise política complica bastante qualquer análise, aumentando o risco dessas aplicações”, destaca.
Para os que estão pensando em investir no mercado de imóveis, em 2016, até em função da queda dos preços que começa a ser verificada, Seabra aconselha o investimento se a compra for à vista. Agora, se o investidor for utilizar financiamento o cenário ainda é nebuloso, pois o preço final aparentemente mais baixo esconde uma grande armadilha: a taxa de juros do financiamento está muito mais alta que nos anos anteriores.
Com isso, conforme o especialista, o valor total a ser pago pelo imóvel é tão ou até mais alto que financiamentos realizados há três anos, quando os valores estavam bem superiores aos atuais. “Quem pensa em ‘aproveitar o momento’ e comprar financiado, é melhor colocar na ponta do lápis e descobrir o valor total a ser pago, pois pode ser bem desanimador”, afirma.