Ensino do empreendedorismo depende de mudança na postura de professores

Autor do best-seller “Vai lá e faz” (Belas Letras), empreendedor e docente da Singularity University, o gaúcho Tiago Mattos iniciou o ciclo de palestras do Seminário ConheCER 2018, em Maceió (AL), com uma reflexão: “ensinar empreendedorismo na escola é, sobretudo, ensinar os alunos a terem coragem”. Durante a palestra “Economia Digital e o Pensamento Exponencial”, diante do auditório lotado do Centro Cultural e de Exposições Ruth Cardoso, o especialista comparou o ensino atual à rotina de uma fábrica. “Construímos um sistema educacional linear muito parecido com o de uma fábrica, com horário para entrar, sair, sinal de chamada… Tudo com roteiro, começo, meio e fim. Estamos treinando as pessoas há décadas para o chão de fábrica. Mas o mundo digital não tem roteiro”, alertou.

Nesta quarta-feira (15), Mattos falou para uma plateia de professores e empreendedores, e listou as características da lógica industrial do ensino (linear, segmentada, unidimensional e previsível) para ressaltar as características do tempo atual: não linear, conectado, multidisciplinar e exponencial. “A mudança nunca será uma decisão top-down”, explicou o especialista, que concluiu a sua participação com uma frase do escritor americano Alvin Toffler: “Os analfabetos do século 21 não são os que não sabem ler e escrever, mas o que não sabem aprender, desaprender e reaprender.”

Professor e Coaching

Durante a tarde, o painel destacou três histórias de sucesso do ensino do empreendedorismo na sala de aula, para crianças, jovens e adolescentes. Três especialistas no tema convergiram, em suas apresentações, para uma mesma constatação: quando a missão é formar empreendedores, o papel do professor muda, de detentor de um conhecimento a ser transmitido para o de um parceiro do aluno na aventura do conhecimento, como um coaching. “A ideia é focar no aluno. Estamos criando uma escola para o estudante e não orientando o aluno para se adequar à escola”, disse Kelly de Amorim, do Colégio Santíssimo Senhor, de Maceió, que propõe um novo modelo de aprendizagem, com empreendedorismo, tecnologia e robótica.

A ideia do professor-coaching foi citada por Kari Matilla, proprietário de uma escola na Finlândia, que viajou para Maceió a convite do Sebrae especialmente para contar como o ensino do empreendedorismo na sala de aula mudou a instituição que lidera. “É preciso que o professor repense o seu trabalho, a sua motivação, para se dedicar a ensinar aos seus alunos as habilidades do século 21”, disse. “O primeiro passo é escolher as perguntas certas. ‘Por que você não fez a lição de casa?’, não é a pergunta certa. Quando a pergunta desperta o interesse, há a alegria de aprender”, avaliou.

A máxima empreendedora do “só aprende quem põe a mão na massa” é o que guiou o co-fundador do Mundo Maker, Fábio Zsigmond, que compôs a mesa de debates. “O modelo educacional atual veio da indústria, a forma linear de construir conhecimento. O fazer muda tudo isso. Você pode formar um aluno que sabe responder a perguntas, mas para que ele saiba mesmo do assunto sobre o qual está respondendo, muitas vezes de forma decorada, é preciso passar pela experiência”, afirmou.

 

Facebook
Twitter
LinkedIn