Maio é tradicionalmente lembrado como o mês das mães e, além de todas as pautas que a maternidade engloba, é importante relembrar a potência das mães no mundo dos negócios.
Segundo levantamento de dados feito pela Fundação Getúlio Vargas em 2017, metade das mulheres perderam seus empregos em até dois anos após a licença maternidade. O estudo foi feito envolvendo 247 mil mulheres com idade entre 25 e 35 anos e a maioria relatou ter sofrido hostilidade no ambiente de trabalho desde o início da gestação
Diante desse cenário desfavorável no mundo corporativo para as mães, empreender pode servir como solução para que elas se posicionem no mercado de trabalho de uma maneira mais flexível, fazendo com que consigam conciliar a jornada dupla no pós gravidez ou como forma de transformação na carreira.
Confira algumas mulheres que são exemplo de empreendedoras que conseguem conciliar a maternidade e trabalho.
Dani Junco, mãe do Lucas (6 anos), é fundadora e CEO da B2Mamy
Dani Junco é mãe do Lucas, fundadora e CEO da B2Mamy, primeira empresa que capacita e conecta mães ao ecossistema de inovação e tecnologia para que elas sejam líderes e livres economicamente. Especialista em Markerting com foco em Branding, ela transformou sua dificuldade – voltar ao mercado de trabalho após ter se tornado mãe – em solução para outras mulheres com filhos que desejam empreender. Por meio de capacitação, Dani Junco acredita que as mulheres possam equilibrar seus papéis nas suas carreiras e na administração da família, se tornando líderes em seus trabalhos e livres economicamente. Em três anos a B2Mamy já capacitou e conectou mais de 10 mil mulheres por meio dos meetups, EAD e programas de capacitação. A aceleradora conquistou o apoio institucional do Google e Facebook, e ainda, movimentou a economia: foram R$6 milhões entre o faturamento das empresas aceleradas e da aceleradora.
Mariana Achutti, mãe do Domenico (2 meses), é fundadora e CEO da Sputnik
Fundadora e CEO da Sputnik, Mari Achutti é empreendedora e vem ajudando a provocar mudanças no universo corporativo através de uma educação criativa e disruptiva em empresas como Google, Facebook, Globo, Boticário, Ambev, entre outras. Mariana atuou durante anos como gestora da Perestroika, escolas de atividades criativas destacada como “uma das nove empresas da nova economia brasileira”, e em 2014, intra empreendeu e criou a Sputnik, uma das maiores escolas corporativas do Brasil e o braço In Company da Perestroika. Como brasileira, empreendedora e líder, Mariana contribui com sua experiência e conhecimento sobre novas perspectivas e possibilidades educacionais, além de atuar em projetos de empreendedorismo feminino. Mariana se tornou mãe do Domenico em 2021, após ter vivido a gravidez em meio à pandemia e ao home office.
A indicação da CEO é a obra “Quando O Corpo Consente”, de Marie Bertherat e Thérèse Bertherat. Para ela: “Ele foi muito importante pra mim no gestar, porque como empreendedora e um pouco workaholic ele me ajudou a reconhecer o meu corpo no momento da gestação e me ajudou a aterrar no processo de ser mãe, além de me preparar para o parto”. Outro livro indicado pela líder da Sputnik é “Bésame mucho: Como criar seu filho com amor” do autor Carlos Gonzales. Mariana conta que é um livro que traz uma visão muito verdadeira sobre como criar os filhos com amor e liberdade. Uma leitura sobre negócios e empreendedorismo indicada pela CEO é o “Reinventando as Organizações” do Frederic Laloux, “É um livro que cruza as empresas com os níveis de consciência, ajudando a repensar o impacto das organizações através da cultura e do propósito”, reflete a empreendedora.
Rochane Soubhie, mãe da Carolina (8 anos), é cofundadora é CMO da Sevensete
Tendo o empreendedorismo como algo presente desde muito cedo em sua vida, Rochane fundou a Sevensete em 2017, uma Venture Builder que ajuda outros empresários a construírem seus negócios. Formada em publicidade e especialista em administração, dentro da Sevensete Rochane é líder no desenvolvimento de novos negócios e no apoio ao relacionamento humano. Como mãe, a empresária sente que um de seus maiores desafios seja a conciliação do tempo, para que tanto sua filha Carolina, como sua empresa, recebam a atenção que merecem. A empreendedora e mãe já passou por grandes empresas como Editora Abril, Visanet (a antiga Cielo) e Telefônica. Porém, em 2015, dois anos após o nascimento de sua filha, entendeu a difícil realidade do mercado brasileiro com as mulheres que se tornam mães. No entanto, encontrou nos estudos e conversas com outras mulheres e mães, a inspiração para retornar ao mercado de trabalho, desta vez como dona de seu próprio negócio.
Camila Koster Gierun Shimada, mãe do Joaquim (5 anos) e da Lígia (2 anos), é Head de People da Dock
A Head de People da Dock, startup pioneira no País ao oferecer soluções de tecnologia para empresas que querem construir seu próprio banco ou solução financeira, diz que conciliar a maternidade e o trabalho sempre será um grande desafio. Mas equilíbrio e planejamento são suas palavras de ordem. Agendas, reuniões importantes, dia a dia escolar das crianças e demais atividades da casa são compartilhadas com o marido. Além disso, ela tem uma relação transparente no trabalho com o gestor e todo o time, assim, consegue negociar quando precisa estar ausente por algum motivo. Outro ponto positivo é o modelo de trabalho remoto (Anywhere Office), que permite uma melhor organização com todas as demandas (de mãe e profissional). Para as mães e profissionais, ela indica o livro ‘Mãe perfeita não tá mais se usando’ de Roberta Ferec. “De um jeito simples e por meio de crônicas sobre o caos organizado da maternidade, a autora compartilha as experiências dela e fala sobre como idealizamos a perfeição instagramável das famílias, mas perdemos alguns pequenos momentos e histórias. Acho que ele é fundamental para mães com carreiras profissionais entenderem que nós falharemos, sim, e que está tudo bem um prato ou outro cair de vez em quando, mas que precisamos entender que essa é a vida real e que nem sempre os caminhos são fáceis e seguros”, comenta Camila.
Helena Prado, mãe da Alice (5 anos), é sócia-fundadora da Pineapple Hub
Jornalista, empreendedora, com MBA Executivo pela FIA e pós-graduação em jornalismo institucional pela PUC, acumula mais de 15 anos de experiência na área de comunicação corporativa para empresas internacionais, multinacionais e locais em segmentos como tecnologia, entretenimento, negócios e varejo. Atuou como relações públicas do Cirque du Soleil no Brasil e, desde 2010 está a frente da agência de comunicação Pineapple Hub, onde atualmente responde pela área de estratégia de negócio.
Para ela, o principal desafio é conseguir dividir a atenção entre a empresa e a maternidade. “É preciso ter muita disciplina em relação a horários e metas para que o tempo destinado ao negócio seja o mais produtivo possível, separando um tempo do dia exclusivo para a família. Além disso, é muito desafiador fazer com que o mercado e os colaboradores entendam esse equilíbrio, sabendo que você não estará disponível o tempo todo, e não encarem isso como uma limitação. Ter uma rotina flexível é fundamental para isso funcionar. Tem dias que eu fico a manhã toda com a minha filha, outros eu eu tiro umas horas da tarde para ajudá-la com a escola… E aí acabo tendo que trabalhar após o horário oficial, quando coloco ela pra dormir. Finais de semana eu não deixo o trabalho invadir, porque acho fundamental termos um tempo para respirar em meio a esse caos”, comenta a sócia-fundadora da Pineapple Hub.
Helena dá dicas de livros e sobre maternidade para as mães empreendedoras, assim como ela: Clube da Luta Feminista – Jessica Bennett e Simone Campos, Outliers – Malcolm Gladwell, O Ano do Sim – Shonda Rhimes e Avalie o que importa – Bruno Menezes e John E. Doerr. Ela completa: “E a maior dica de todas: ignorem todos os livros sobre maternidade”.
Aline Murlick, mãe do Gustavo (14 anos), da Maria Eduarda (11 anos) e da Ana Júlia (10 anos), é cofundadora do Triider
O Triider é um aplicativo de pequenas reformas de manutenção e para Aline, co-fundadora e mãe, “a maior dificuldade foi fazer com que eles se engajassem no negócio e vissem o Triider como algo positivo na vida da família e não como o motivo de terem menos tempo com os pais. O Triider se tornou a paixão das crianças. É lindo ver o orgulho que eles sentem de tudo o que construímos. Sempre que a gente chega com um brinde novo, com uma camiseta, uma mochila, eles querem mostrar, levar pros colegas de aula, é até engraçado”, comenta ela. Na opinião da profissional, empreender é abdicar. O início do negócio e a fase de adaptação à pandemia não foram fáceis. “Foi um aprendizado para todos, principalmente no que se refere à divisão de tarefas em casa. Depois dessa fase de adaptação que durou alguns bons meses, as coisas foram entrando nos eixos e cada um foi entendendo os limites e o quanto é importante o trabalho em equipe dentro de casa também”, pontua. A empreendedora indica o livro Satisfação Garantida, do Tony Hsieh, fundador da Zappos, que fala sobre o universo da experiência do cliente e o quanto a cultura da empresa e a satisfação do cliente (interno e externo) reflete no crescimento do negócio.
Rafaela Bassetti, mãe da Olívia (6 anos), Antonio (4 anos) e Joana (1 ano e 10 meses), é CEO e fundadora da Wishe Women Capital
Natural de Belo Horizonte, Rafaela Bassetti é advogada especialista em direito societário e tributário e em fusões e aquisições. Atualmente é sócia e fundadora da Wishe, grupo de investimento focado em startups lideradas por mulheres. Também faz parte da sociedade da B2Mamy, primeira empresa que capacita e conecta mães ao ecossistema de inovação e tecnologia para que elas sejam líderes e livres economicamente. Juntas, as duas empresas comandam a Casa B2Mamy Wishe, um espaço family-friendly dedicado à capacitação e conexão de empreendedoras. Rafa é mãe da Olívia, do Antonio e da Joana, e conta sobre os principais desafios de empreender sendo mãe:
“A maternidade é por si só uma startup, um empreendimento repleto de propósito, visão de longo prazo e incertezas, e pra mim sem dúvida o maior desafio de empreender sendo mãe é não ter, portanto, ‘dedicação exclusiva’. Criamos um ideal do empreendedor que dedica sua vida e sua alma 100% ao seu negócio, trabalhando horas infinitas sem comer e dormir, mas esta é uma realidade que simplesmente não pertence à grande maioria das mães, seja por falta de rede apoio, seja por escolha própria do modelo de criação dos filhos. Brinco que se não tivesse essa dupla jornada, acho que poderia estar construindo um foguete espacial, tamanha a quantidade de tempo livre que teria na minha agenda. Mas, ao mesmo tempo, não troco essa louca jornada por nada. Meus filhos e a Wishe são sem dúvida o maior legado que gostaria de deixar nesta vida e enxergo no meu papel de mãe e de CEO essa responsabilidade social de realizar o meu melhor. E acredito muito que quando começarmos a enxergar a parentalidade, e não somente a maternidade, como esse serviço social de construção do futuro, avançaremos mais rápido em direção à sociedade na qual desejamos viver”.
Ela também aconselha sobre como conciliar a maternidade com o trabalho: “A melhor dica que já recebi nesse sentido é focar no equilíbrio do desequilíbrio. Há dias ou semanas que exigem maior foco no trabalho, enquanto em outros momentos a atenção recairá com maior intensidade sobre os filhos. E, claro, dentro desse desequilíbrio equilibrado, existem os compromissos inegociáveis. Que, acima de tudo, são aqueles que nos nutrem e nos ajudam a seguir adiante. E, por fim, uma frase já batida, mas que também me ajuda bastante: “abandonar o ideal da perfeição”. Eu sigo em busca de dar conta, que seguir adiante e fazer o que é possível”.
Quanto à leitura, a empreendedora indica: “Adoro vários livros que vêm rapidamente à minha cabeça quando penso em empreendedorismo feminino, como o Lean In, da Sheryl Sandberg. Mas, na linha da busca por esse equilíbrio entre vários papéis, Indicaria o “Essencialismo: a disciplinada busca por menos”, do Greg McKeow. Conheci através da Dani Junco e tenho tentado aplicar as suas ideias cada vez mais no meu dia a dia”.
Ana Carolina Peuker, mãe do Adrian (14 anos), Eric (9 anos) e Thomas (7 anos), é CEO da Bee Touch
Ana Carolina Peuker é psicóloga e CEO da Bee Touch, startup de saúde mental. Criadora da Avax, a primeira plataforma de avaliação psicológica do Brasil. Realizou mestrado, doutorado e Pós Doutorado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), no Laboratório de Psicologia Experimental, Neurociências e Comportamento. Foi professora do Instituto de Psicologia da UFRGS. Membro do grupo de trabalho de enfrentamento à COVID-19 da Sociedade Brasileira de Psicologia (SBP).
Para Ana, conciliar o tempo entre as demandas de trabalho e as necessidades de atenção dos filhos, como a escola e o tempo de qualidade para ficarem juntos, foi um dos principais desafios de empreender sendo mãe. Planejar o dia a dia de trabalho e a rotina da maternidade é fundamental para não haver sobrecarga. Sobre como conciliar a maternidade com o trabalho, ela diz que não há fórmula, mas contar com uma rede de apoio é fundamental. “Muitas mulheres enfrentam a maternidade sozinhas, sem apoio e recursos. A luta pela igualdade é por todas nós! A mulher ainda é muito exigida socialmente, tem que estar em forma, dar conta da casa, do trabalho, dos filhos, dos familiares que precisam de cuidado e de tudo o mais que surgir! Não é pouca coisa. É importante saber reconhecer seus próprios limites, aprender a dizer não e separar um tempo para si mesma, mantendo seus interesses além daqueles ligados à maternidade.” – segundo Ana.
A CEO indica o livro Faça Acontecer – Mulheres, Trabalho e a Vontade de Liderar, de Sheryl Sandberg, que apresenta relatos dos desafios que a autora enfrentou para conquistar posições de destaque no trabalho, além de levantar a discussão da questão de gênero com base em pesquisas acadêmicas e observações pessoais.
Marina Franciulli, mãe do Gael (3 anos) e do Ian (7 meses), é fundadora da Mazzi Comunicação
Marina Franciulli é mãe do Gael e do Ian e fundadora e estrategista da Mazzi Comunicação e Marketing, uma agência com escuta ativa e entregas criativa em multicanais. Há 15 anos formada em Comunicação Social, tem o propósito de transformar ideias em ação e conectar marcas a pessoas. Para ela, maternar é viver em flow e encontrar uma comunidade acolhedora, provocadora e tão potente foi fundamental para ressignificar a jornada empreendedora, em especial neste último ano de tantas mudanças.
Lígia Costa, mãe da Malu (14 anos) e Duda (12 anos), é CEO e fundadora do Thank God It’s Today
Por acreditar que a educação desperta o senso de humanidade e pode ser um meio pelo qual as organizações passem a entender que o capital humano é feito de colaboradores e que o fundamento da marca é a soma da essência e cuidado dos funcionários, Ligia Costa criou a TGI Today, startup com foco no desenvolvimento humano e na formação de líderes compassivos e humanizados. A empreendedora é Especialista em Liderança, Inteligência Emocional e Propósito, a empreendedora. Além de marqueteira, é certificada em Neurociência, Inteligência Emocional e Mindfulness pelo SIYLI (Search Inside Yourself Leadership Institute), metodologia para executivos que iniciou dentro do Google. Professora de Habilidades Socioemocionais na FGV | EESP. Foi executiva de multinacionais por 18 anos, estagiou no Vale do Silício e teve passagem por grandes empresas como: Ogilvy Mather, Neogama BBH e Brasil Telecom.
Lígia, escolheu empreender exatamente para encontrar um equilíbrio entre a maternidade e a minha vida profissional e acredita que o principal desafio foi ter tomado a decisão e segurar a onda da escolha.
Sobre como conciliar a maternidade com o trabalho, ela conta que já se sentiu pior e com muita exigência em função de tempo de qualidade e presença física. Hoje, com as meninas mais velhas, deseja passar a maior parte possível do tempo com elas, café da manhã, almoço, jantar, conversas, pois sabe que seu trabalho vai durar mais 40, 50 anos, mas a relação que tem em formá-las como seres humano só existirá enquanto ainda estiverem juntas.
A CEO indica o livro Autocompaixão da Kristin Neff, que fala sobre a autocompaixão e a necessidade de autoconhecimento como fonte geradora de empatia entre os seres humanos.
Fernanda Medei, mãe da Júlia (7 anos), é CEO e fundadora da Medei
Fernanda Medei é advogada com especialização em direito tributário pela PUC- SP. Com passagens em pequenas, médias e grandes empresas, sempre com atuação em departamentos jurídicos e escritórios, a empreendedora resolveu pivotar a sua carreira para a área de Recursos Humanos. É fundadora da Medei, plataforma especializada em promover demissões mais humanas e transparentes, além de simplificar os processos homologatórios, normalmente burocráticos.
“No começo, eu trabalhava fora e ainda estava com a Medei. Trabalhava a mais de 60 km de casa. Eu não acompanhei os primeiros anos da Júlia. No dia em que ela completou 3 anos, pedi demissão do meu trabalho e passei a me dedicar somente a Medei. Hoje está um pouco mais fácil de conciliar por conta da independência dela como pessoa.
A empreendedora indica o livro “Comece pelo porquê” do autor Simon Sinek, pois é um livro que ajuda a pensar em construir um negócio com um sentido maior, de ajudar outras pessoas, de encontrar uma causa, um verdadeiro sentido e ajudar a transformar e impactar de forma positiva a vida de pessoas que trabalham com você.